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Lockheed Constellation, um dos aviões mais belos do mundo
Foram fabricados 856 exemplares entre 1943 e 1958

10/06/2011
(Valdemar Júnior
) - O Constellation, conhecido também como Connie, foi desenvolvido pela Lockheed no final da década de 1930 e início da década seguinte para atender a um pedido da TWA (Trans World Airlines), que pedia uma aeronave com capacidade para transportar 40 passageiros e alcance de 5.630 km.

Após ser desenhado pelos engenheiros Kelly Johnson e Hall Hibbard, e receber sugestões do proprietário da TWA, Howard Hughes, o fabricante norte-americano apresentou o Modelo 049 Constellation, com capacidade para receber 44 passageiros, velocidade máxima de 340 mph (547 km/h), velocidade de cruzeiro de 300 mph (483 km/h), e teto operacional de 24.000 pés (7.315 m).

 

Divulgação - Lockheed Martin

 

LOCKHEED MARTIN

 

Um dos protótipos do Lockheed L-049 Constellation.
 

Na época, os hangares eram muito baixos, portanto, o novo avião não poderia utilizar as instalações das companhias aéreas, que estavam operando aviões como o Douglas DC-3 e o Curtiss C-46 Commando, modelos convencionais e mais baixos, e a solução pensada para o Constellation foi dividir a cauda em três, pois o avião possuía grandes hélices, obrigando o uso de enormes pernas no trem de pouso e deixando a fuselafem muito alta. Esse desenho, com a fuselagem parecida com um golfinho, tornou o Connie um dos aviões mais bonitos de todos os tempos.


L-049 Constellation

O desenvolvimento do L-049 foi baseado nos estudos do modelo 044 Excalibur, iniciados em 1937, que teria 21 lugares, quatro motores e
velocidade máxima de 241 mph (387 km/h). No ano seguinte, o projeto deu lugar ao Constellation e dois protótipos foram construídos em 1942, sendo que o segundo acabou sendo utilizado para ser testado pela TWA. Com a II Guerra Mundial em andamento, no ano seguinte os dois aviões foram transformados na versão militar C-69, e o fabricante recebeu uma encomendada de 180 exemplares do governo dos Estados Unidos, com uma segunda ordem de 313 aviões, porém, com o fim do conflito, o contrato foi encerrado e somente 15 unidades foram entregues em 1945. Outro fato que contribuiu para a pequena produção dos aviões foi o fato de utilizar o motor Wright R-3350 Cyclone, o mesmo dos B-29, que enfrentava diversos problemas, pois se incendiava com facilidade e sofria superaquecimento, fazendo com que a Lockheed acusasse a Wright Aeronautical de falhas de engenharia, construção e inspeção dos motores. O exército norte-americano chegou a receber uma proposta para equipar os C-69 com o motor Pratt & Whitney R-2800, mas preferiu esperar o fim dos problemas com os Wright R-3350 Cyclone, porém, a guerra acabou antes. O primeiro Constellation com o padrão militar, de prefixo NX25600, fez seu voo inaugural no dia 9 de janeiro de 1943.

Motivada pelas vendas durante a II Guerra Mundial, a Lockheed propôs outros modelos derivados da versão inicial, que não foram
aprovados pela Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF, anterior a USAF) e acabaram tendo os projetos abandonados. Um deles era um bombardeiro de longo alcance, designado L-249. O segundo foi um avião para transporte de tropas militares de longo alcance, com capacidade para transportar 43 soldados, batizado C-69B, e o último era uma versão VIP, chamada C-69C, que teve apenas uma unidade construída.
 

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Divulgação - Lufthansa Technik AG

LUFTHANSA TECHNIK AG
O Lockheed L-1649A Starliner, prefixo N7316C, da Fundação Berlim, da Deutsche Lufthansa.
 

De volta ao mercado civil

Após a II Guerra Mundial, a Lockheed voltou a fabricar modelos civis e entregou 79 Constellation para companhias aéreas de todo o mundo. O primeiro voo comercial intercontinental operado pelo L-049 decolou no dia 3 de fevereiro de 1946, nas cores da TWA, ligando Nova York e Paris. Rapidamente, a aeronave passou a ser uma das mais importantes utilizadas nas rotas internacionais de longo alcance da época.

Em doze anos de fabricação para o mercado civil, a Lockheed projetou 16 versões diferentes a partir do L-049 até o L-1649, batizando-os de L-049, L-149, L-249, L-349, L-449, L-549, L-649, L-749, L-849, L-949, L-1049, L-1149, L-1249, L-1449, L-1549 e L-1649 (por superstição, não foi usada apenas a denominação L-1349), porém, apenas os modelos L-049, L-649, L-749A, L-1049, L-1049C, L-1049G, L-1049H e L-1649A chegaram a ser fabricados. A partir do L-1049, o fabricante passou a chamar a aeronave de Super Constellation, já o modelo 1649A foi batizado de Starliner.


Decadência

Na década de 1950 começaram a surgir aviões a jato voltados para o transporte de passageiros, como o britânico Comet e os norte-americanos Boeing 707 e Douglas DC-8, e com isso, as companhias aéreas mais importantes do mundo começaram a trocar suas aeronaves e os Constellation e Super Constellation passaram a voar em rotas secundárias ou foram transferidos para empresas menores em países pobres, e a fabricação foi encerrada. Segundo a Lockheed, na década de 1980 havia 12 Constellation voando pelo mundo. Somando todas as versões, foram fabricados 856 Constellation
entre 1943 e 1958.
 

 

Rodrigo Zanette - 11/11/2006

 

AVIAÇÃOPAULISTA.COM

 

Lockheed L-049 Constellation do Museu TAM, o único preservado no Brasil.
 

Operação no Brasil

Cinco companhias aéreas nacionais colocaram suas cores no Constellation. A primeira delas foi a Panair, seguida por Real e Varig. Com a falência da Panair, um modelo foi vendido para a Arruda e outro chegou a ser pintado com as cores da Asas, mas este nunca chegou a voar e foi sucateado (as duas aeronaves foram compradas para transportar carne fresca na região Norte do Brasil).

A Panair operou 15 Constellation, dos modelos L-049 e L-149, com os prefixos PP-PCF, chamado Bandeirante Manuel de Borba Gato (o primeiro da empresa, recebido no dia 3 de abril de 1946), PP-PCB, PP-PCG, PP-PCR, PP-PDA, PP-PDC, PP-PDD, PP-PDE, PP-PDF, PP-PDG, PP-PDH, PP-PDI, PP-PDJ, PP-PDK (exportado e reimportado com o prefixo PP-PDQ) e PP-PDP.

A Varig operou 3 L-1049G-82, matriculados PP-VDA, PP-VDB, PP-VDC, PP-VDD, PP-VDE e PP-VDF a partir de maio de 1955, sendo os três últimos equipados com tiptanks.

E a Real recebeu a partir de 1958 os L-1049H de prefixos PP-YSA, PP-YSB, PP-YSC e PP-YSD. Em 1961, a Varig comprou a Real e as quatro aeronaves foram convertidas em cargueiras.

Há apenas um Constellation preservado no país, exposto no Museu TAM, em São Carlos. Este avião foi encomendado pela holandesa KLM e recebido no dia 7 de junho de 1946 com a matrícula PH-TAX, e foi adquirido pelo saudoso comandante Rolim em Assunção, no Paraguai, em 1999, após passar três décadas abandonado
.
 

FICHA TÉCNICA

 

 

 

Lockheed L-1049G Super Constellation
Fabricante:
Lockheed
País de origem: Estados Unidos
Comprimento: 35,42 m
Envergadura: 38,47 m
Altura: 7,54 m
Lugares: 5 tripulantes e 62 a 109 passageiros
Velocidade de cruzeiro: 547 km/h (340 mph)
Velocidade máxima: 607 km/h (377 mph)
Alcance: 8.700 quilômetros (5.400 mn)
Peso máximo para decolagem: 62.370 quilos
Carga útil: 29.620 quilos
Peso vazio: 36.150 quilos
Motor: 4 Wright R-3350-DA3 Turbo Compound com potência unitária de 3.250 hp



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