O Fokker 100
A
águia holandesa
01/02/2008
(Valdemar
Júnior)
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O Fokker 100,
chamado pelo fabricante holandês de Fokker 28 MK-0100, foi lançado em
novembro de 1983, realizou o primeiro vôo no dia 30 de novembro de 1986
e foi certificado em novembro de 1987. Baseado no Fokker F-28 4000, foi
projetado para ser usado em rotas domésticas de baixa densidade e em
vôos regionais.
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Foto: Valdemar Júnior
- 30/08/2007 |
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Fokker 100 da TAM,
PT-MRG, recebido novo em 1992, taxiando logo após o pouso no
Aeroporto de Guarulhos.
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Além da versão
feita para o transporte de passageiros em vôos regulares, foram
criadas as versões Cargo (com uma porta lateral para realizar o
embarque de carga), Quick Change (mudança rápida de passageiros para
carga), e executiva, chamada de Executive Jet 100.
O Fokker 100 tem capacidade para até 122 passageiros (na TAM levavam
até 108 passageiros e na OceanAir transportam no máximo 100 pessoas) e
é basicamente um F-28 alongado. Possui asa baixa, fuselagem
narrow-body (corpo estreito), com fileiras de 3 e duas poltronas
separadas por um corredor. Utiliza duas turbinas Rolls Royce Tay 650,
com potência de 14 mil libras cada, instaladas no cone de cauda que
tem a forma de um “T”.
A primeira companhia aérea a operar o modelo foi a suíça Swissair
(atual Swiss), que recebeu o Fokker 100 no mês de fevereiro de 1988.
Posteriormente, foi lançado o Fokker 70, versão encurtada do Fokker
100. Muitos pilotos o chamam de águia holandesa, em referência às
qualidades do jato holandês.
Projetado para ser utilizado com o menor número de equipamentos de
apoio possível nos aeroportos, quando está no solo, o Fokker 100 fica
a poucos metros do chão, facilitando o embarque e desembarque de malas
e cargas, já que não necessita de um equipamento específico para isso,
somente de funcionários treinados para executar o serviço.
Nos Fokker 100 que a TAM operou existia uma escada embutida na porta
dianteira esquerda, o que facilitava o embarque e desembarque de
passageiros sem a necessidade de uma escada auxiliar, como acontece
com os Fokker 100 da OceanAir, que não tem a escada embutida. As
outras portas do Fokker 100 necessitam de escadas auxiliares, sendo
que a porta dianteira direita foi projetada para receber veículos de
catering. Outra diferença entre os Fokker 100 da TAM e os da OceanAir
é uma porta traseira esquerda, logo a frente da turbina, existente
apenas nos aviões que foram operados pela TAM. Por ser baixo em
relação ao piso, o Fokker 100 não necessita de escada para ser
abastecido, já que os bocais dos tanques estão situados abaixo das
asas.
A cabine de comando dos Fokker 100 é ampla, o que facilita o trabalho
dos pilotos, e a localização das manetes, dos aviônicos, dos manches e
dos pedais facilita a operação do modelo. Devido a sua automatização,
os pilotos têm um trabalho tranqüilo no comando da aeronave, além dos
Primary Flight Display e Navigator Display, que cada piloto tem a sua
disposição. Ao lado do assento do comandante existe um painel feito
para fazer testes de manutenção, facilitando o trabalho dos mecânicos.
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Valdemar Júnior -
05/09/2007 |
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Fokker 100,
PT-MQJ, recebendo manutenção no Centro Tecnológico da TAM, em
São Carlos.
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A falência da
Fokker
A
Fokker Aircraft faliu em 1996, logo após ser comprada pela
DASA/Daimler Chrysler européia, que tentou salvar a empresa, mas não
obteve sucesso. Atualmente, a Sork-Fokker é responsável por manter as
aeronaves da Fokker (F-100, F-70, F-50 e F-27) em vôo em várias partes
do mundo.
Fundada em 1919 por Anthony Herman Gerard Fokker, que nasceu na
Indonésia no dia 6 de abril de 1890, a empresa do pioneiro na
fabricação de aviões construiu aeronaves para a Alemanha durante a I
Guerra Mundial. Anthony Fokker ficou famoso na Holanda depois de
realizar um vôo em torno da torre da igreja de Sint-Bavokerk em
Haarlem, no dia 31 de agosto de 1911, com o terceiro avião fabricado
por ele, chamado de Spin, que quer dizer aranha, e faleceu em Nova
Iorque no dia 23 de dezembro de 1939.
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Júnior JUMBO -
14/06/2007 |
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Fokker 100, PR-OAU, da OceanAir,
ex-American Airlines, onde voou com o prefixo N1437B,
estacionado em Sorocaba.
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O Fokker
100 no Brasil
O
primeiro operador do Fokker 100 no Brasil foi a TABA, Transportes
Aéreos da Bacia Amazônica, que voou com duas aeronaves no começo da
década de 1990, (prefixos PT-MCN e PT-MCO). Esses aviões foram
devolvidos para o fabricante e, posteriormente, retornaram ao Brasil
para voar com as cores da TAM, em 1996. O PT-MCN recebeu a matrícula
PT-WHK e o PT-MCO foi matriculado PT-WHL. Os dois aviões voaram pela
TAM até 2006.
A TAM recebeu seu primeiro Fokker 100 em setembro de 1990, direto do
fabricante holandês, e se tornou a segunda maior operadora mundial
deste tipo de aeronave ao possuir 51 F-100, ficando atrás apenas da
American Airlines, que operou 75 Fokker 100 até 2001.
Acidentes e incidentes marcaram o Fokker no Brasil e, a partir de
2002, a TAM deu início a desativação do modelo, que fez o último vôo
pela companhia paulista no dia 26 de dezembro de 2007,
entre Florianópolis e Congonhas, onde pousou por volta das 13h30,
quando recebeu o tradicional banho de água do Corpo de Bombeiros, em
uma cerimônia que marcou o encerramento das operações do modelo pela
empresa paulista.
Na TAM foram 17 anos de operações ininterruptas com o Fokker 100, e a
aquisição dessas aeronaves, feitas pelo saudoso Comandante Rolim,
colocou a TAM na era do jato. Até 1990, a TAM
operava apenas
aviões turboélice, como os Embraer EMB-110 Bandeirante, que podiam
transportar até 20 passageiros, e os holandeses Fokker 27 e Fokker 50,
ambos com 50 assentos cada.
A TAM Mercosur, subsidiária da TAM Linhas Aéreas, com sede em
Assunção, no Paraguai, continuará a operar três Fokker 100 até o dia
31 de março de 2008, quando eles serão desativados e substituídos
pelos modernos Airbus A320.
Em 2006, o Grupo Sinergy, dono das companhias OceanAir, Avianca
(Colômbia), VIPSA (Equador) e Wayra Peru, comprou 29 Fokker 100 que
pertenceram à American Airlines. A OceanAir recebeu 10 aeronaves e a
Wayra Peru 3, e com o encerramento das operações da companhia peruana,
em 2007 a OceanAir recebeu os três aviões que voaram no Peru. A VIPSA
não recebeu nenhum Fokker 100, portanto, os demais aviões foram
recebidos pela Avianca. Os aviões da OceanAir estão configurados pra
transportar até 100 passageiros, 8 a menos do que os Fokker 100 da TAM
e 22 a menos do que a configuração de alta densidade, aumentando o
espaço entre as poltronas, ao contrário do que acontece na aviação, já
que a distância entre os assentos está diminuindo e é uma tendência
que se nota a cada ano no mundo todo.
Na manhã do dia 31 de Outubro de 1996
(dia
das bruxas!), aconteceu a maior tragédia envolvendo um Fokker-100 no
Brasil, quando um avião da TAM, PT-MRK, pintado de azul e com a
inscrição “Number 1” em comemoração ao prêmio recebido de pela revista
Air Transport World, que condecorou a TAM como a melhor companhia
aérea do mundo. O avião caiu no bairro do Jabaquara, a menos de dois
quilômetros do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, deixando 99
mortos, sendo que três vítimas fatais estavam no solo. A causa do
acidente foi uma falha no relê, equipamento que aciona os reversos
(fabricado pela Northrop), e fez abrir o equipamento logo após a
decolagem, freando o avião.
FICHA TÉCNICA |
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Fokker 100
Fabricante:
Fokker Aircraft B. V.
País de origem:
Holanda
Comprimento:
35,53 m
Envergadura:
28,7 m
Altura: 8,49 m
Lugares:
Configuração usada pela TAM: 115, sendo 2 pilotos, 1 jump seat, 4
comissários e 108 passageiros.
Velocidade de cruzeiro:
Mach 0.7
Velocidade máxima: Mach 0.77
Alcance: 3889 quilômetros
Distância de decolagem: 1.850 m
Distância de pouso: 1.400 metros
Peso
máximo para decolagem: 44.450 quilos
Peso máximo para pouso: 39.915 quilos
Carga útil: 12.013 quilos
Capacidade de combustível: 10.256 quilos
Motor: Dois Rolls Royce Tay 650-15 de 14 mil libras cada |
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