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INTERVIEW
 


 

 


 

Comandante Lucy, a primeira piloto de linha aérea do Brasil
No começo, ela queria apenas voar por esporte, mas acabou fazendo parte da história de nossa aviação

03/05/2010
(
Por Valdemar Júnior) -
Até hoje existe muito preconceito contra as mulheres em todos os setores. Imagine pensar em pilotar uma aeronave, e na década de 1960! Pensando apenas em realizar um sonho, a comandante Lucy Lúpia Pinel Balthazar Alves de Pinho, ou simplesmente comandante Lucy Lúpia, não pensou duas vezes e logo tirou o brevê no Aeroclube de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro. A carioca do Grajaú nasceu no dia 7 de setembro de 1932, formou-se em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e recebeu seu primeiro brevê aos 36 anos. A carteira histórica foi recebida apenas em 2000! Entre seus anos como piloto de avião, a comandante Lucy voou em 16 modelos de monomotores diferentes, 18 bimotores e turboélices, incluindo o Embraer EMB-110 Bandeirante. Foi ela quem levou o Ypiranga, prefixo PP-TJR, de São Paulo para o MUSAL (Museu Aeroespacial, da Força Aérea Brasileira), no Rio de Janeiro, onde ele está exposto. Atualmente, ela participa de feiras, exposições e continua se relacionando com os colegas aviadores. Confira a entrevista com a comandante Lucy, feita no dia 1º de maio de 2010.

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Divulgação - Comandante Lucy

 

AVIAÇÃOPAULISTA.COM

 

Comandante Lucy Lúpia no seu antigo local de trabalho.
 

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como você descobriu a aviação?
Comandante Lucy - Na infância, mas não teria me aproximado efetivamente se não tivesse ido ao Aeroclube de Nova Iguaçú, em 1967, acompanhando Sigi (Sieghardt, já falecido), que era meu marido na época, decidira ser piloto privado e me convidou para fazer o curso também.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - O que a fez pensar em ser piloto? Foi desencorajada por alguém?
Comandante Lucy - Num voo com um instrutor do aeroclube, a fim de sentir as sensações de voar em avião pequeno, aceitei a ideia de fazer o curso, pois me apaixonara definitivamente pela aviação. Só fui desencorajada por muitas pessoas quando decidi tornar-me um piloto comercial. Mas ignorei -as.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como foi ser a primeira aluna do curso de piloto privado?
Comandante Lucy - Na época em que comecei a voar no aeroclube (julho de 1967), havia duas alunas: Sílvia e Adeiza, que não concluíram o curso. Continuei meu aprendizado e já com a ideia de não fazê-lo somente por esporte.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Em quais aeronaves você tomou instrução? O que achou delas?
Comandante Lucy - Comecei a receber as aulas num Piper J-3, PP-TEA, que era muito velho, difícil até de ser taxiado. O instrutor Marinho optou pela mudança de equipamento. As aulas passaram a ser, então, nos Paulistinha (P-56) que se achavam em boas condições para serem usados na instrução. Gostei tanto das aeronaves que após brevetar-me, voei em cerca de 16 tipos diferentes e que se achavam à disposição dos pilotos, que podiam pagar o aluguel e ganhar mais experiência. De todas os aviões, destaco o Fairchild PT-19, que adorei voá-lo. Era mais pesado que os demais e tinha a carlinga aberta, sendo obrigatório o uso de pára-quedas de assento.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como foi receber o primeiro brevê de piloto de uma mulher no Brasil?
Comandante Lucy - Naquela época, já não havia mulheres voando como acontecera antes no Aeroclube de Manguinhos. Todas praticavam aviação como esporte, e eram em bom número. Não cheguei a conhecer o citado Aeroclube, pois havia sido fechado pelas autoridades. Na época em que me brevetei, realmente eu era a única voando.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Quando veio a idéia de voar como profissão?
Comandante Lucy - A idéia de voar profissionalmente foi surgindo à medida que o tempo passava. Seria muito oneroso prosseguir tendo que alugar aviões para voar. O ideal seria unir o prazer do voo com a necessidade de trabalhar. Por que não tornar-me piloto comercial como os meus colegas aviadores? Diante de minha ousadia surgiu a reação e a fase de lutas...

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Em que empresas você voou? Em quais aeronaves?
Comandante Lucy - Voei em muitas empresas durante alguns anos como piloto "free-lancer" em várias cidades. Quem possuísse o certificado de voo por instrumentos era contratado para voar como co-piloto, auxiliando o colega comandante em voos não visuais e noturnos. Recebia-se por hora ou por quilometragem, sem vínculo empregatício. Em 1973, fui contratada pela Líder Taxi Aéreo, onde trabalhei cerca de 2 anos. Depois, fui para a Top Taxi Aéreo, mais tarde Rio-Sul Transportes Aéreos Regionais. Na Top, submeti-me aos cheques para ser Piloto de Linha Aérea (comandante). Voei também na Companhia Usina do Outeiro (Campos de Goitacazes), efetuando vários voos avulsos pelo Brasil, já na condição de comandante com co-piloto a bordo. Voei no total em 17 aeronaves multimotoras (bimotoras) e efetuei o curso na Embraer para habilitação ao Bandeirante (EMB-110), um turboélice de fabricação nacional.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você teve alguma dificuldade para ser aceita ao lado dos homens na cabine dos aviões?
Comandante Lucy - Tive muita dificuldade, sim, mas as mentalidades variavam. Tive bons companheiros e muitos não bons, movidos pelo preconceito. Aceitar a ideia de uma mulher piloto profissional era um desafio. No final, foram se acostumando com a colega ao seu lado. Entendo as reações e não guardo mágoas. Agradeço aos idealistas que sempre me apoiaram e me incentivaram.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Valeu a pena ser piloto? Por quê?
Comandante Lucy - Valeu a pena, sem dúvida! Realizei o meu desejo e aí aconteceu a abertura do mercado aéreo também para as mulheres, que vieram depois de mim. Jamais devemos desistir de nossos sonhos, mesmo quando o preço é alto, como o foi para mim.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Além de voar comercialmente, você trabalhou em outro setor da aviação, como instrutora, por exemplo?
Comandante Lucy - Trabalhei como Instrutora de Pilotagem Elementar no mesmo Aeroclube de Nova Iguaçu, no qual me preparara para exercer tal função. Efetuei vários traslados entre Rio e São Paulo e vice-versa. Tive o prazer de trazer para o Museu dos Afonsos, em 10 de dezembro de 1970, um avião que se encontrava fora de voo havia muitos anos. Ele fora construído pelo piloto e engenheiro Fritz Roesler, na década de 1940. Tratava-se do Ypiranga, PP-TJR, posteriormente adaptado para CAP-4, ainda com motor de 65 HP. Tinha seus terminais de montante condenados pelo Magnaflux (raio-X), mas portou-se bem no traslado.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Por que você teve tanta dificuldade para conseguir o brevê de piloto de linha aérea?
Comandante Lucy - Acho que foi por falta de Q.I. No Brasil, as maiores chances são dadas aos que tem padrinho e não era o meu caso. Prestei todas as provas para piloto de linha aérea, mas o Ministério da Aeronáutica mudou a legislação e me prejudicou, porque a Portaria fez o que não podia: retroagiu em sua aplicação. As leis, portarias etc. não são feitas para andar pra trás, só podem vigorar a partir da data da publicação e sua aplicação também. Recebi a licença de Piloto Comercial Sênior de categoria inferior, embora fosse de comandante. Só poderia pilotar aviões abaixo de 20 toneladas, enquanto a licença de PLA (Piloto de Linha Aérea) não tinha restrições. Quando estudei Direito aprendi que "a lei rege o ato". Fiz tudo de PLA e, portanto, só poderia receber a licença correspondente. Sempre requeria e me era negada, até que em 1999 um amigo empenhou-se com o Diretor do DAC da época. Homem justo, aceitou o diálogo. Requeri mais uma vez, e 7 meses depois a licença tão pranteada por mim durante 24 anos chegou pelas asas de algum anjo dos Correios, no dia 4 de janeiro de 2000. O nº 2086 foi o correto, retroativo e relativo a 1976. Mantenho a primazia no Brasil, e segundo o escritor Dan Hagedorn, autor de "Conquistadors of the Sky", de dezembro de 1999, também na América Latina.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você continua pilotando aviões?
Comandante Lucy - Já estou afastada dos aviões, mas não da Aviação (casamento que é indissolúvel). Frequento no final da tarde o Aeroporto Santos Dumont, onde privo da companhia de queridos colegas. Sempre que posso, vou às feiras de aviação, em São Paulo, onde conheço gente do meio aviatório e revejo amigos. Divulgo na ocasião os meus 4 livros sobre a minha trajetória e que são bem ilustrados com fotos da turma. (Os livros são: "Eu quero voar - o retrato de um preconceito"; "Vôo proibido - os apuros de uma pioneira"; "Sobrevivente - a saga da primeira piloto de linha aérea"; e "Sua majestade, o Q. I.").

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - O que você acha da aviação civil brasileira?
Comandante Lucy - Promissora, embora esteja hoje com altos e baixos, mas irá crescer. A parte negativa é quanto à formação de pilotos. Difícil e cara, torna-se elitista à medida que impede que os pretendentes menos favorecidos se habilitem ao curso de piloto. Tanto a parte teórica como o acesso às aulas de voo são onerosas. Os aeroclubes estão desaparecendo e vejo o fato com tristeza. Mal administrados e mal fiscalizados vão acabar, infelizmente.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Ainda há preconceito com as mulheres pilotos?
Comandante Lucy - Acredito que não da forma como aconteceu em minha época de iniciante. Tive que vender uma ideia ousada, num país arraigado de tabus. As pilotos de hoje podem responder, mas acredito que por prudência não devam se manifestar abertamente. Os contatos que tive, inclusive com pilotos militares do sexo feminino deixaram a desejar. A tendência porém, acredito, é a de evoluir sempre.

AVIAÇÃOPAULISTA.COM - A senhora ainda tem um sonho para realizar?
Comandante Lucy - Todos nós deveremos sempre desejar algo a fazer lá adiante. Gostaria de visitar os diversos Museus de Aviação: em Washington, Seattle, Califórnia, França, Reino Unido, Alemnha e o que mais for possível..
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