Adilson Kindlemann, o primeiro
brasileiro na corrida aérea
Tricampeão brasileiro na
Categoria Ilimitada estreou este ano no Red Bull Air Race
01/06/2010
(Por
Valdemar Júnior)
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O piloto Adilson Kindlemann, de Registro (SP), realizou este ano o sonho
de ser um dos pilotos do Red Bull Air Race, a corrida aérea, e acabou se
tornando o primeiro latino a participar da competição. Logo na segunda
etapa do mundial, durante os treinos livres do dia 15 de abril, Kindão,
como o piloto é conhecido entre os amigos, sofreu o único acidente da
história da competição no Swan River, na Austrália. O seu
novíssimo
MXS-R
de número 7, prefixo N19MX, ficou
de cabeça para baixo, e o piloto logo foi retirado pelas equipes de
resgate, é claro, e felizmente, muito assustado e sem ferimentos graves.
Na semana passada, exatamente no dia 28 de maio, Kindão voltou a voar.
“Tenho asas novamente", postou o piloto em seu site oficial -
www.adilsonkindlemann.com. Kindão voou
pela primeira vez um Edge 540, na cidade de Roudnice, na República
Checa, sob a supervisão de Patrick Paris, campeão mundial de acrobacias
em 1998. Adilson Kindlemann tem 36 anos. Como piloto de linha aérea,
acumulou mais de 11 mil horas de voo (atualmente ele é comandante de
Airbus A320 na TAM). Possui mais de 700 horas de voo acrobático e tem em
seu currículo três títulos brasileiros na categoria ilimitada,
conquistados em 2001, 2002 e 2003. Durante a etapa do Rio de Janeiro,
realizada no dia 9 de maio, aproveitamos para conversar com Kindão, que,
infelizmente, teve que ficar apenas assistindo a competição. Acompanhe.
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Divulgação - Team
Kindlemann |
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Adilson
Kindlemann em seu MXS-R.
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AVIAÇÃOPAULISTA.COM
- Como surgiu o sonho de ser piloto?
Adilson Kindlemann - Sonho em voar desde que me entendo por
gente. Desde criança tenho esse desejo. Construir pequenos aviões e
brincar com eles era o que mais gostava de fazer.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Quando você se tornou piloto acrobático?
Adilson Kindlemann - Em 1993 participei do primeiro campeonato de
acrobacia, em Joinville (PR), na categoria Sport, e conquistei o 1º
lugar.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - O que fazia antes de ser piloto?
Adilson Kindlemann - Era assistente de mecânico no aeroporto de
Bacacheri, em Curitiba. Foi lá que estudei para me tornar piloto.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - O que você teve que fazer para participar
da Red Bull Air Race? Por que decidiu competir?
Adilson Kindlemann - Era um grande sonho. No fim de 2006 esse
projeto começou. Em 2007 me candidatei e investi para ter os requisitos
exigidos pela Red Bull Air Race. Cheguei a fazer o show de encerramento
da etapa brasileira da corrida aérea, no Rio de Janeiro, em 2007. Tive
que adequar minha agenda e minha carreira de piloto comercial a esse
sonho. Precisei viajar muito, treinar muito, com profissionais do
primeiro time. Mas tudo valeu a pena.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Por que você escolheu o MXS-R?
Adilson Kindlemann - Tanto o MXS-R quanto o Edge são aviões
excelentes para a corrida aérea. Acabei escolhendo o MXS-R, pois me
adaptei bem a ele. É um dos modelos mais modernos de aviões de corrida
do mundo, bastante leve e de alta potência. Pode chegar a 425 Km/h.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você que escolheu o número 7? Por quê?
Adilson Kindlemann - Além de sete ser um número de sorte, que eu
sempre gostei e tive uma ligação, era o número com que meu mentor e
amigo, o piloto Klaus Schrodt, competia na Red Bull Air Race. Achei
legal fazer uma homenagem a ele.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como foi o acidente na Austrália? Já sabe
alguma coisa?
Adilson Kindlemann - Foi um susto para mim e, imagino, para todos
os que estavam assistindo. Na última volta, o vento mudou de direção e
intensidade drasticamente e o avião acabou perdendo sustentação do lado
esquerdo durante uma curva com muita ação da força G, mas felizmente
consegui corrigir imediatamente e o avião bateu na água numa posição
mais segura. Se tivesse mais alguns metros posso dizer que sairia voando
normalmente.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como é ficar esperando para retornar ao
campeonato?
Adilson Kindlemann - A hora agora é preparar novo avião e
trabalhar para voltar a voar o mais rápido possível. Embora esteja fora
das próximas corridas, permaneço totalmente envolvido com a agenda da
organização do evento e estarei presente, em solo, nas etapas do Canadá
e Estados Unidos, que acontecem em junho.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você está morando fora do Brasil para
treinar e participar da corrida aérea?
Adilson Kindlemann - Não. Continuo morando em Curitiba, mas hoje
passo muito tempo fora, nos Estados Unidos e Europa, em função dos
treinos e da própria competição.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Os patrocínios são suficientes?
Adilson Kindlemann - Desde que fui selecionado para a competição,
a Red Bull Air Race deu todo o suporte necessário.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Quais são os maiores desafios para entrar
na corrida aérea?
Adilson Kindlemann - É preciso muita determinação, dedicação e
muita disciplina. Passei os últimos anos investindo nisso, em muito
treinamento, e participando de competições internacionais. A partir daí
fui chamado para treinar com a equipe da Red Bull Air Race. Para
conquistar a super licença foi mais uma longa jornada até que no fim do
ano passado veio o anúncio. A dedicação continua.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você espera motivar outros pilotos
brasileiros a entrar no Red Bull Air Race?
Adilson Kindlemann - Claro. Brasileiro gosta de velocidade, de
adrenalina e já era hora de termos um representante nacional numa
competição desse nível. Espero que isso seja um estímulo para outros
pilotos.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como foi a escolha da pintura do seu avião?
Adilson Kindlemann - Escolhi o amarelo porque significa riqueza,
alegria, e chama a atenção. Além disso, é a cor mais alegre da nossa
bandeira.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Como você se sentiu ficando apenas olhando
os pilotos voarem no Rio?
Adilson Kindlemann - Foi um misto de frustração e alegria. Meu
plano era voar aqui e me preparei para isso. De certa forma é uma
frustração não poder competir no Brasil, mas tenho que aceitar e ver o
lado bom das coisas. Apesar de tudo fiquei feliz por estar bem e poder
assistir meus amigos voando em meu país.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Qual a sua expectativa para o seu futuro na
corrida aérea?
Adilson Kindlemann - Minha volta está prevista para agosto, na
etapa da Alemanha. Espero voltar a voar o mais rápido possível. Mas
tenho que preparar um novo avião e fazer os devidos ajustes. Este será
um ano de muito aprendizado. Os resultados virão a partir de 2011.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Você está apenas ligado ao Red Bull Air
Race ou continua exercendo sua vida profissional "nas horas vagas"?
Adilson Kindlemann - Hoje sou um piloto licenciado da companhia
aérea onde trabalho para poder me dedicar integralmente ao Red Bull Air
Race.
AVIAÇÃOPAULISTA.COM - Já tem um fã clube?
Adilson Kindlemann - Um oficial não, porém acho que posso
considerar meus amigos e familiares como um fã clube. Eles acompanham
cada passo que dou, torcem por mim, guardam fotos, autógrafos. Além
deles, eu tenho ainda meus fãs através do site de relacionamento
facebook. Através da minha página – Adilson Kindlemann –
Kindlemannairracing – eles me dão muito apoio e incentivo e também me
seguem passo a passo.
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