Congonhas voltará a ter escalas e conexões
Ministro muda de opinião e autoriza a Anac a flexibilizar as
operações no aeroporto paulista
22/01/2008 - 12h19
(Da redação)
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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, em
decisão que será discutida pelo
Conselho de Aviação Civil (Conac) publicada no Diário Oficial de
ontem, 21 de janeiro, autorizou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac)
a permitir operações mais flexíveis no aeroporto de Congonhas, em São
Paulo, a partir do dia 16 de março de 2008, quando começa a vigorar a
malha aérea do período da baixa estação.
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Valdemar Júnior - 07/2000
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ATR-42 da Pantanal pousando e
Fokker-100 da TAM sendo empurrado no pátio.
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O objetivo
das medidas, segundo o Governo, é otimizar as operações de Congonhas
e melhorar o atendimento aos passageiros, respeitando os limites de
capacidade do aeroporto. Segundo a assessoria de imprensa do
Ministério da Defesa, os novos ajustes foram possíveis devido à
normalização das atividades de Congonhas, obtida com a integração
operacional entre os órgãos do setor e as diversas medidas que
ajustaram as operações à real capacidade do aeroporto.
Uma das principais mudanças anunciadas ontem é a autorização para
que as empresas possam voltar a operar em Congonhas com escalas e
conexões, mas dentro dos limites restritos fixados pelo Governo no
último semestre, inclusive no aprimoramento da segurança. A Anac
também está autorizada a permitir em Congonhas vôos charter e de
fretamento nos fins de semana - aos sábados, entre 14h00 e 22h45; e
nos domingos, entre 6h00 e 14h00 - atendendo a uma reivindicação
reiterada principalmente pelo setor turístico do Nordeste.
Tanto as operações de vôos charter quanto as conexões e
escalas em Congonhas foram proibidas três dias depois do acidente
com o Airbus A320 da TAM, PR-MBK, em 20 de julho de 2007 pela
portaria 06/2007 do Conac, como parte de um conjunto de ações
destinadas a normalizar as atividades do aeroporto, que, para o
Ministério da Defesa, estava sobrecarregado, e por isso as novas
malhas aéreas foram ajustadas, com a transferência de diversos vôos
para outros aeroportos, principalmente Cumbica, em Guarulhos.
Para o Governo, o principal teste de Congonhas ocorreu no período de
fim de ano, quando houve relativa normalidade nos pousos e
decolagens. Na avaliação dos técnicos da Secretaria de Aviação Civil
(SAC), hoje os órgãos do governo responsáveis pela aviação civil já
estão em condições de permitir ajustes que facilitem o fluxo e o
conforto de passageiros sem que se perca o controle obtido com as
medidas restritivas de 2007. Pela resolução, a Anac fixará os
padrões de segurança para pousos e decolagens, os limites de
capacidade do aeroporto, e só concederá autorizações dentro daqueles
limites.
Atualmente, Congonhas opera com apenas 30 operações de pouso e/ou
decolagens por hora na aviação comercial, mas em 2007 operava com
mais de 40. Como conseqüência dos problemas ocorridos no ano passado
e das restrições determinadas pelo Governo, em 2007 Congonhas
realizou apenas 205.130 operações, comparada a 230.995 em 2006.
O número de passageiros transportados ficou em 15,244 milhões, ante
18,459 milhões em 2006, e com isso, Congonhas perdeu a condição de
ter o maior movimento de passageiros do País, que passou para
Guarulhos, com 18,795 milhões de passageiros, comparado a 15,759
milhões em 2006. Mas Congonhas continuou sendo o de maior movimento
de aeronaves, mesmo com o crescimento de Guarulhos, que passou de
154.948 operações para 187.960 no ano passado.
Simultaneamente às novas medidas do Governo, também deverão entrar
em vigor em março as novas taxas de pouso em Congonhas, que deverão
induzir as empresas a cumprir os horários previstos para a
decolagem. Os aviões que cumprirem o prazo de 45 minutos em solo,
junto às pontes móveis de embarque e desembarque de passageiros, os
fingers, não terão custo extra, mas os que retardarem a saída
arcarão com tarifa adicional de 1.000% para cada meia hora de
atraso, podendo a chegar a 16.000%.
Ampliação de Infra-estrutura
O Ministério da Defesa decidiu "dar
novos encaminhamentos" aos estudos para a infra-estrutura
aeroportuária em São Paulo. Após estudos aprofundados sobre as
diversas opções de construção de uma terceira pista no aeroporto de
Guarulhos, concluiu-se que a obra seria antieconômica, pois as
diversas sugestões tinham impactos grandes de ordem social,
financeira e/ou ambiental e traziam poucos ganhos de eficiência.
Em vez da terceira pista, a capacidade de Guarulhos será aumentada
de 45 pousos por hora para cerca de 54 pousos com medidas como
mudanças no terminal de passageiros, com a construção de saídas
rápidas para as aeronaves que aterrissam e com a construção de
pátios para aeronaves de grande porte.
Segundo o Governo, a opção de uma terceira pista na ala norte do
aeroporto foi descartada por inviabilidade técnica. Outra opção, de
descasamento entre as pistas atuais (decalagem) para que as
cabeceiras ficassem mais distantes uma da outra, custaria cerca de
R$ 691 milhões e traria ganho de apenas 9,3% na capacidade. A opção
de uma pista ao sul do aeroporto, traria ganho de 43% na capacidade,
mas teria custo muito elevado, de R$ 2,8 bilhões, além de grande
impacto ambiental.
Com as limitações de Guarulhos, o Governo deposita as opções para
ampliação de capacidade para o médio e longo prazo em São Paulo,
como a ampliação do aeroporto de Viracopos, em Campinas, e na
construção do terceiro aeroporto de São Paulo. Em Viracopos, estão
previstas a expansão do terminal de passageiros, a construção da
área de pátio, a construção de uma nova pista e melhorias no acesso
ao aeroporto.
Já em relação ao novo aeroporto de São Paulo, a expectativa é de que
os estudos para a definição da localização e a elaboração do projeto
estejam concluídos até junho de 2009. O Governo continua estudando
obras eventuais em Congonhas e para a Base Aérea de Santos, que
poderá ser um novo ponto de suporte para a aviação geral (taxi-aéreo
e aviões particulares, entre outros).
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