ANAC cria regra de slots para aumentar
concorrência em aeroportos saturados
Proposta beneficiará companhias aéreas com menores índices de
atrasos e cancelamentos de vôos e melhor segurança operacional
02/10/2008 - 13h17
(Da
ANAC)
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A ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) colocou em consulta
pública, a partir de ontem, dia 1° de outubro, uma nova regra para
redistribuição dos slots (autorizações para pouso ou decolagem) que
permitirá, a cada dois anos, o acesso de mais companhias aéreas a
aeroportos com capacidade saturada, aumentando assim a concorrência e
criando novas opções para os consumidores.
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Valdemar Júnior - 07/2000 |
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ATR-42 da Pantanal pousando e
Fokker-100 da TAM sendo empurrado no pátio.
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Pela nova regra, todo aeroporto que ultrapassar o
limite de 90% de sua capacidade de infra-estrutura aeroportuária, no
uso do pátio ou da pista, será considerado “saturado” e sofrerá
limitações de suas operações. Congonhas, que hoje já tem restrição
de vôos por slots, pode ser considerado saturado, de acordo com os
critérios da nova regra.
A proposta da ANAC ficará em consulta pública na Internet durante 60
dias. Nesse período, empresas e entidades da aviação civil,
aeronautas, especialistas em transporte aéreo e qualquer cidadão
interessado poderão dar suas contribuições para aprimorar a regra.
Para participar da consulta pública bastará preencher o formulário
que está disponível no seguinte endereço:
http://www.anac.gov.br/transparencia/consultaspublicas.asp.
Congonhas é hoje o único aeroporto no país com restrições por slots.
Para assegurar condições de segurança adequadas aos limites de sua
infra-estrutura, a ANAC – com base em avaliação técnica do DECEA
(Departamento do Controle do Espaço Aéreo) da Aeronáutica – no
segundo semestre de 2007 limitou o tráfego em Congonhas a um máximo
de 15 pares de slots por hora para a Aviação Regular e 2 pares de
slots/hora para a Aviação Geral (táxi aéreo, aeronaves particulares
etc.). Além disso, como não é possível expandir a infra-estrutura
aeroportuária de Congonhas, não há planos para aumentar esses
limites.
Maior aeroporto brasileiro em termos de volume de pessoas
transportadas em viagens domésticas, de janeiro a agosto de 2008
Congonhas recebeu 9,16 milhões de passageiros. Isso representa 13,6%
do total em todos os vôos domésticos nesse período, segundo dados da
Infraero. Congonhas é também o aeroporto que detém seis das dez
rotas mais rentáveis do país – incluindo as duas de maior
rentabilidade, Congonhas-Santos Dumont/RJ e Congonhas-Curitiba.
Porém, hoje apenas quatro empresas operam em Congonhas: TAM,
Gol-Varig, OceanAir e Pantanal. Outras companhias aéreas nacionais
já manifestaram à ANAC o interesse de atuar no aeroporto, mas, pelas
regras atuais, isso é quase impossível.
As empresas que atuam em Congonhas só perdem slots nas seguintes
situações: se optarem voluntariamente por isso; se deixarem de
operar; se não utilizarem algum slot por mais de 30 dias; ou se
tiverem mais de 20% de cancelamentos no uso dos slots no prazo de 90
dias. Nesse cenário, outras companhias aéreas – como a Webjet, a 4ª
empresa em participação no mercado doméstico, a Trip e outras
companhias menores, além das novas empresas entrando no mercado,
como a Azul – têm remotas possibilidades de disputar o mercado de
vôos em Congonhas e o grande prejudicado é o passageiro, que fica
com menos opções para voar.
Para a redistribuição dos slots, a ANAC propõe o uso de critérios de
desempenho na prestação do serviço. Será considerada a performance
das companhias áreas em termos de atrasos e cancelamentos de vôos e
de segurança operacional (freqüência de acidentes e incidentes).
Para se candidatar a operar em aeroportos saturados como Congonhas,
a companhia aérea deverá ter pelo menos seis meses de atuação no
mercado de vôos domésticos.
A primeira redistribuição de slots só poderá acontecer um ano após a
declaração do aeroporto como saturado. A implantação da nova regra
foi elaborada de forma gradual para não prejudicar os passageiros
que tenham adquirido bilhetes com antecedência e também para evitar
impactos econômicos significativos nas empresas que já atuam nos
aeroportos saturados. As empresas que operam em terminais saturados
não poderão perder mais do que 20% de seus slots em cada processo de
redistribuição.
Dois anos após a primeira etapa, a regra proposta pela ANAC prevê
uma segunda fase no processo de redistribuição. Após distribuir
slots para as empresas que não operam no aeroporto saturado, haverá
outra distribuição apenas entre as companhias que já possuem slots –
as que tiverem indicadores de atraso, cancelamento e segurança
operacional acima da média do aeroporto ganharão slots, enquanto as
demais perderão.
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