TAM vai fazer voo de demonstração com bioquerosene
Com a colaboração de Airbus e CFM
International, a empresa paulista usará biomassa vegetal brasileira, o
pinhão manso; estudos apontam para até 80% de redução de emissões de
carbono
29/04/2010
- 11h42
(Da
assessoria da TAM)
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A TAM planeja realizar no segundo semestre
de 2010 um voo de demonstração sem passageiros com uma mistura de
biocombustível de aviação utilizando óleo de pinhão manso, uma biomassa
vegetal brasileira. A aeronave será um Airbus A320 em operação na frota
da companhia,
equipado com motores CFM56-5B produzidos pela CFM International, uma
joint venture entre a GE dos Estados Unidos e a Snecma (Safran Group) da
França.
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Valdemar Júnior -
23/06/2009 |
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Airbus A320-214, PR-MYE, da TAM, decolando do
aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
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O
presidente da TAM, Líbano Barroso, ressalta que a companhia honra seu
compromisso social e de sustentabilidade com essa iniciativa:
“Empenhamos nossos melhores esforços para utilizar matéria-prima
brasileira na produção desse biocombustível com benefícios econômicos e
sociais relevantes. A biomassa, fonte do nosso bioquerosene de aviação,
é 100% nacional, oriunda de projetos de agricultura familiar e fazendas
de porte significativo do interior do Brasil,
que se dedicam à cultura pioneira do pinhão manso.”
A TAM já assegurou a disponibilidade do biocombustível de aviação para o
voo de demonstração. A companhia adquiriu, por intermédio da ABPPM
(Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão Manso), sementes de
produtores de pinhão manso do Norte, Sudeste e Centro-Oeste,
providenciou a sua transformação em óleo semirrefinado e exportou-o para
os Estados Uidos,
onde a UOP LLC, empresa do grupo Honeywell, fez o processamento do óleo
de pinhão manso em bioquerosene e sua mistura com o querosene
convencional de aviação, na proporção de 50% cada.
O voo de demonstração a ser realizado pela TAM será a primeira
experiência do gênero na América Latina, com uma inovadora combinação
desse tipo de aeronave e motor voando com bioquerosene de aviação
produzido a partir do pinhão manso. A realização do voo será alinhada
com os órgãos reguladores do setor de aviação.
O diretor de suprimentos e contratos internacionais da TAM, José Maluf,
explica: “Estamos trabalhando com a valiosa colaboração da Airbus e da
CFM International para realizar esse voo, no qual utilizaremos um Airbus
A320 em operação em nossa frota nas linhas domésticas e internacionais
da América do Sul.”
A TAM estuda sua participação no desenvolvimento da cadeia produtiva
desse combustível de biomassa vegetal para a criação de uma plataforma
brasileira de bioquerosene sustentável. Conhecido pelo nome científico
de “Jatropha Curcas L.”, o pinhão manso é uma planta que não concorre
com a cadeia alimentar porque é imprópria para consumo humano e animal,
podendo ser consorciada com pastagens e culturas alimentícias.
A companhia tem analisado, em conjunto com a ABPPM, meios de desenvolver
a produção sustentável do pinhão manso em escala comercial voltada para
a sua transformação em bioquerosene de aviação. Segundo a ABPPM, existem
atualmente 60 mil hectares de terra no Brasil com plantações de pinhão
manso e, diante dos recursos naturais e das condições climáticas
favoráveis, grande volume de pastagens degradadas poderão ser
recuperadas com essa planta. Para atingir escala comercial, estima-se
que seria necessário expandir a superfície cultivada para cerca de 1
milhão de hectares, suficiente para atender em torno de 20% do consumo
nacional.
"A Airbus está explorando diversos tipos de combustíveis alternativos,
porque acreditamos que diferentes soluções surgirão para diferentes
partes do mundo. Qualquer solução deve ser comercialmente viável e
sustentável, sem impacto sobre as pessoas, a terra, os alimentos e a
água. Além disso, essas soluções devem gerar empregos locais para a
população local. Chamamos isto de cadeia de valor e essa iniciativa da
TAM com a Airbus é mais um passo nessa direção", afirma Paul Nash, chefe
do departamento de novas energias da Airbus.
Estudos realizados pela Michigan Technological University em conjunto
com a UOP/Honeywell mostram que biocombustíveis de aviação produzidos a
partir do pinhão manso permitem uma redução de 65% a 80% na emissão de
carbono, em relação ao querosene de aviação derivado de petróleo.
O cultivo e a colheita do pinhão manso, realizados de forma responsável,
agregam valor socioeconômico para as comunidades locais e não competem
com a produção de alimentos ou fontes de água potável, atendendo a
requisitos estipulados pelo SAFUG (Sustainable Aviation Fuel Users Group,
Grupo dos Usuários de Combustível Sustentável de Aviação), grupo ao qual
a TAM se integrou formalmente no dia 11 de novembro de 2009. O SAFUG é
formado por grandes companhias aéreas internacionais com a finalidade de
acelerar o desenvolvimento e a comercialização de novos combustíveis
sustentáveis para a aviação.
Além dos requisitos do SAFUG, em seus projetos a TAM seguirá também
princípios e critérios estabelecidos pela RSB (sigla do inglês
Roundtable on Sustainable Biofuels, Mesa Redonda sobre Biocombustíveis
Sustentáveis, organização internacional de reconhecido prestígio
técnico-científico) sobre as melhores práticas para produção, uso e
transporte de biocombustíveis em relação às responsabilidades social,
ambiental e econômica no setor de transportes. |