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Infraero poderia ter superfaturado mais de R$ 1 bilhão
Segundo a Polícia Federal, suspensão de diligências resultou na soma menor

04/02/2010 - 10h38
(
Valdemar Júnior) -
Segundo o jornal "O Estado de São Paulo", a Polícia Federal detectou o desvio de R$ 991,8 milhões dos cofres da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária, pertencente ao governo federal) durante o governo Lula, entre 2003 e 2006, e informou que os números teriam sido maiores se a justiça não tivesse suspendido as buscas de provas nos escritórios da estatal e de empreiteiras envolvidas em reformas e ampliação de aeroportos.

_

Rodrigo Zanette - 23/06/2009

 

AVIAÇÃOPAULISTA.COM

 

Aeronaves estacionadas no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
  

O dinheiro foi desviado pela cúpula da Infraero durante as obras nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, em São Paulo; Santos Dumont, no Rio de Janeiro; Brasília, no Distrito Federal; Goiânia, em Goiás; Cuiabá, no Mato Grosso; Vitória, no Espírito Santo; Macapá, no Amapá; Uberlândia, em Minas Gerais; e Corumbá, no Mato Grosso do Sul.

Na época do superfaturamento, a Infraero era presidida por Carlos Wilson, que morreu de câncer em 2009. O executivo estava filiado ao PT quando comandava a estatal.

Apesar da morte de Wilson, a Polícia Federal enquadrou os seus ex-assessores: Josefina Valle de Oliveira Pinha, ex-advogada-geral do Senado, que era superintendente jurídica da Infraero; Adenahuer Figueira Nunes, ex-diretor financeiro; e Eleuza Lores, ex-diretora de engenharia, que conseguiu no STJ (Superior Tribunal de Justiça) suspender seu indiciamento.

A quebra do sigilo bancário de Eleuza mostrou que ela movimentou R$ 2 milhões de reais no período entre 2003 e 2006, valor muito superior ao que ela poderia movimentar segundo seus vencimentos, mas a Polícia Federal não sabe em qual país foi parar o dinheiro nem o que ela poderia ter comprado com o montante. Em 2008, ela teve as passagens aéreas pagas pela construtora Andrade Gutierrez, que não está envolvida na fraude segundo o relatório da Polícia Federal. No período, ela defendeu os interesses de Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Odebrecht.

Segundo a Polícia Federal, Eurico Loyo, ex-assessor de Carlos Wilson, comprou um apartamento de 4 quartos em uma área nobre no Recife (Pernambuco), com o apoio de R$ 120 mil da Queiroz Galvão. Em troca, ele atuava em favor da construtora nas licitações.

Em um diálogo interceptado pela Polícia Federal, um funcionário da construtora OAS pede para um funcionário da Infraero devolver uma peça no valor de R$ 3 milhões. O funcionário público argumenta, por telefone, que a forma metálica é desprezada pela estatal e vira sucata depois das obras. Para a Polícia Federal, se a Infraero comprou a peça, ela pertencia à empresa.

O relatório de 188 páginas mostra o envolvimento de 18 empreiteiras e de 52 pessoas em seis crimes, entre eles:
crime contra a administração pública, corrupção ativa e passiva, crimes contra a ordem econômica e fraude em licitações.

Os delegados da Polícia Federal mostraram indignação por serem obrigados a encerrar as buscas por provas durante a fase de investigação.
 

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