Dassault nega venda de 36 Rafale para a FAB
Segundo o jornal "Folha de
São Paulo", aviões foram vendidos com desconto de R$ 4 bilhões
04/02/2010
- 12h51
(Valdemar
Júnior)
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O jornal "Folha de São Paulo" informou hoje, dia 4 de fevereiro, que o
Brasil comprou 36 caças Rafale da francesa Dassault por
R$ 10,2
bilhões, após o ministro da defesa, Nelson Jobim, conseguir um desconto
de quase R$ 4 bilhões, mas o fabricante negou a transação, informando à
Rádio França Internacional que não vai anunciar a compra antes do
governo brasileiro.
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Divulgação - Dassault |
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Dassault Rafale biplace Armée de l'air (Força
Aérea da França).
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Fica claro
que é apenas questão de tempo o anúncio oficial da compra dos caças
franceses, pois o governo Lula simpatiza com a esquerda francesa e não
tem nenhum interesse em negociar com os norte-americanos. Já o caça
sueco Grippen NG ainda está sendo desenvolvido e não existe, ainda,
sequer um protótipo.
Em entrevista ao site do jornal "Valor Econômico", Jobim disse
hoje que a decisão do governo brasileiro não vai se basear em preço, e
sim em transferência de tecnologia e fabricação no Brasil, pois não se
trata de um processo licitatório.
O processo de
escolha do novo caça de superioridade aérea para a FAB está sendo alvo
de críticas inclusive da própria Força Aérea, que escolheu o caça sueco
Grippen NG, da Saab (o Rafale foi o pior, segundo o relatório dos
militares). Para a FAB, o Grippen NG é barato, pequeno, e poderia ser
desenvolvido em parceria com os brasileiros, assim como aconteceu com os
AMX.
O melhor caça entre os três que participam da última fase da
concorrência é, sem dúvida, o norte-americano Boeing F/A-18E/F Super
Hornet, pois tem maior autonomia, maior capacidade para carregar bombas
e é o único que foi testado em combate, portanto, passou nos testes da
USAF (United States Air Force, ou Força Aérea dos Estados Unidos, em
português), a maior e mais importante do mundo, sem falar no preço
unitário, que é o menor em se tratando do seu tamanho, capacidade de
combate e custo de manutenção.
Se falou muito em transferência de tecnologia, que os franceses fariam
melhor para o Brasil, mas, é bom lembrar, que durante a Guerra das Ilhas
Falklands (chamada pelos argentinos de Malvinas), a França, que tinha
transferido tecnologia para a Argentina, abriu o código dos seus mísseis
para a Inglaterra, que venceu a guerra, pois o país sul-americano não
conseguiu acertar mais nenhum alvo inimigo. Foi apenas uma questão de
interesse, pois a Inglaterra é um parceiro muito mais importante para os
franceses do que os argentinos. Os americanos estão dispostos a
transferir a tecnologia do F-18, até porque trata-se de um avião
ultrapassado para eles. Os mais novos são os F-35. A Boeing também
informou que deseja produzir os Super Hornet em São Carlos, interior de
São Paulo, usando mão-de-obra nacional.
O fato é que o anúncio da compra dos Rafale, que só são operados pela
França, já foi feito pelo presidente Lula em setembro de 2008, durante
as comemorações de 7 de setembro, em Brasília, com a presença do
presidente francês, Nicolas Sarkozy.
A Dassault passa por uma séria crise financeira e, por isso, o
presidente da França está negociando pessoalmente a venda dos Rafale
para o Brasil para não deixar a empresa de seu país ir à falência.
O certo é que a decisão política não poderia, em hipótese alguma, estar
à frente da análise crítica de quem vai operar os aviões, ou seja, dos
militares da FAB, especialistas nesse sentido.
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