Justiça Militar condena controlador por acidente da GOL
Outros quatro controladores
foram absolvidos
26/10/2010 -
20h10
(Valdemar
Júnior)
- A
Justiça Militar condenou hoje, dia 26 de outubro, o controlador de voo
Jomarcelo Fernandes dos Santos a um ano e dois meses de detenção por
homicídio culposo (sem intenção de matar), por envolvimento no acidente
envolvendo um Boeing 737-8EH, da GOL, prefixo PR-GTD, e um Embraer
EMB-135BJ Legacy 600, prefixo N600XL, da ExcelAire, que vitimou os 154
ocupantes do avião que fazia o voo 1907, de Manaus (AM) para Brasília,
no dia 29 de setembro de 2006, no norte do estado de Mato Grosso.
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Valdemar Júnior -
23/06/2009 |
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Boeing 737-8EH, PR-GTM, da GOL,
decolando do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.
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Segundo o G1, os controladores de
voo Felipe Saltos dos Reis, João Batista da Silva, Leandro José Santos
de Barros e Lucivando Tibúrcio foram absolvidos da acusação de
negligência e de terem deixado de seguir as normas militares de
segurança.
No momento do choque dos aviões, o transponder (equipamento que
transmite a localização) do Legacy estava desligado, portanto, o TCAS
(equipamento anti-colisão) não funcionou em nenhuma das aeronaves.
Segundo o relatório final do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos), de 2008, "as evidências iniciais apontaram
para problemas de comunicação entre a aeronave N600XL e órgãos de
Controle de Tráfego Aéreo associado à operação dos equipamentos
Transponder/TCAS embarcados na supramencionada aeronave" (Legacy).
Na época do acidente, muitos pilotos relataram a existência de um local
onde não há cobertura por radar e nem a comunicação por rádio funcionam,
impedindo os controladores de falar com os pilotos na região onde
aconteceu o acidente.
Após a queda do avião da GOL, o Brasil passou por sérios problemas
envolvendo controladores de voo, que mostraram para todo o Brasil a
situação do Controle de Tráfego Aéreo, que é falho, não forma
corretamente os controladores, que não sabem falar inglês fluentemente
(fato agravante no caso doLegacy, que era pilotado por dois
norte-americanos) e ainda trabalham em número reduzido. Após o acidente,
o governo estabeleceu a meta de chegar a 4 mil controladores em 2010,
mas, até agora, esse número não chega a 3.200, segundo o jornal "Folha
de S. Paulo". Muitos controladores de voo têm se desligado da profissão
devido a esses problemas e acabam aumentando o déficit de profissionais
de Controle de Tráfego Aéreo. Portanto, apenas arrumar um culpado não
resolve em nada um dos graves problemas da aviação brasileira, que pode
colocar em risco, novamente, a vida de muitas pessoas.
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