CENIPA receberá denúncias de uso de
raio laser verde
Dados serão usados em campanhas e ações conjuntas contra o problema
28/12/2011 -
11h08
(Da assessoria da
FAB)
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Tormento principalmente dos goleiros de futebol nos estádios, a
brincadeira com canetas de raio laser verde também está infernizando a
vida dos pilotos de avião. Em 2011, o CENIPA (Centro de Investigação e
Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) registrou cerca de 250 casos, um
aumento de quase quatro vezes em relação a 2010.
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Divulgação |
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Laser Pointer, caneta utilizada para atingir aviões.
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Como a contabilização é baseada em relatos dos aviadores, esse número
pode ser ainda maior. Para identificar os aeródromos onde a recorrência
é maior, o CENIPA planeja disponibilizar em seu site (www.cenipa.aer.mil.br),
em 2012, um formulário específico para esse tipo de reporte.
Com os dados será possível direcionar campanhas e ações conjuntas entre
os órgãos da administração aeroportuária e o poder público local.
As brincadeiras têm se espalhado por todo o Brasil. A incidência dos
casos começaram a aumentar a partir do ano de 2009. De acordo com o
CENIPA, até o mês de novembro deste ano, foram relatados 38 casos em
Londrina (PR), 36 no Galeão (RJ), 21 em Vitória (ES), 13 em Campinas
(SP), 11 em João Pessoa (PB), 9 em Navegantes (SC) e 9 em Fortaleza
(CE).
"O que se vê hoje é uma maior facilidade de aquisição deste artefato e
acredito que, por isso, no Brasil, nos últimos três anos, nós tivemos o
incremento do número de reportes", afirma o major aviador Márcio Vieira
de Mattos, da Divisão de Aviação Civil do CENIPA.
As consequências da utilização do raio laser verde podem ser danosas. "A
probabilidade de se derrubar um avião com equipamento de emissão de
laser é baixa, mas não pode ser descartada, uma vez que nós temos na
frota nacional aeronaves que voam com apenas um piloto. Quando atingido
diretamente nos olhos, o comandante do avião pode ter dificuldade de
interpretar os instrumentos, cegueira momentânea e a formação de imagens
falsas, que numa situação de decolagem ou pouso pode ser crítica",
explica o major Mattos. "A probabilidade é baixa, mas existe e as
consequências podem ser até catastróficas. Então nós temos que trabalhar
em termos de prevenção", complementa o oficial do CENIPA.
Os relatos de ocorrências com laser não são recentes e tampouco
exclusividade nos céus brasileiros. Há reportes de casos no Canadá,
Reino Unido, Espanha e Estados Unidos. O primeiro caso relatado ocorreu
em Los Angeles, no ano de 1993. O comandante de um Boeing 737 foi
atingido e obrigado a passar o controle dos comandos da aeronave para o
co-piloto. Ele ficou quatro minutos sem conseguir interpretar os
instrumentos.
Assim como soltar balões, a brincadeira com raio laser pode render
problemas com a justiça. "Utilizar o laser e atrapalhar a navegação área
é um crime previsto no Código Penal Brasileiro", lembra o major Mattos.
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