Falha no treinamento causou a tragédia do AF 447
Pilotos cometeram diversos erros no voo que ia do Rio de Janeiro para
Paris
29/07/2011 -
11h28 - Atualizado às 12h38
(Valdemar
Júnior)
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O BEA (Bureau d'Enquêtes et d'Analyses, ou Gabinete de
Investigação e Análises, em português),
confirmou hoje, dia 29 de julho, que a queda do Airbus A330-203,
prefixo F-GZCP, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico no dia 31 de
maio de 2009, próximo a Fernando de Noronha, após decolar do Rio de
Janeiro com destino a Paris, na França,
foi causada por erro humano.
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Divulgação - Airbus |
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Airbus
A330-200 da Air France.
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O BEA
listou três erros que causaram a morte de 228 pessoas, porém, não é
possível culpar a tripulação, pois os pilotos não receberam o
treinamento necessário.
O primeiro é a falha de gerenciamento de voo na cabine de pilotagem,
pois o comandante estava dormindo no momento em que o avião enfrentava
uma forte tempestade sem dar ordens específicas aos dois copilotos antes
de ir descansar e, quando voltou à cabine de comando, já era tarde
demais. Os dois copilotos tomaram decisões sem checar as informações de
voo e, por isso, perderam o controle da aeronave.
O segundo foi a não percepção por parte dos pilotos do alarme de estol
(perda de sustentação), pois eles não falam nada sobre o assunto durante
os longos 54 segundos em que o alarme soava, segundo as gravações do
Voice Recorder (Gravador de Voz, em português), e ainda inclinaram o
nariz do Airbus para cima, piorando a situação.
Em terceiro lugar, o BEA informa que os pilotos não receberam o
treinamento específico para saber o que fazer após o congelamento dos
pitots, após a perda da informação de altitude, e para pilotar o jato
sem o piloto automático nessas condições e tirar a aeronave do estol na
situação enfrentada. Em junho, a
Airbus recomendou o treinamento de recuperação de estol.
Confira o comunicado da Air France sobre o relatório do BEA
"O Bureau de Pesquisas e Análises acaba de apresentar, em seu terceiro
relatório, as circunstâncias exatas do acidente do voo AF 447 Rio/Paris
em 1º de junho de 2009.
Este trabalho vem esclarecer ainda mais esta tragédia que abalou
profundamente a Air France e a comunidade do transporte aéreo. A empresa
deseja prestar sua homenagem à memória dos passageiros e membros da
tripulação deste acidente e transmite seus sinceros pêsames às suas
famílias.
A partir da análise dos dados dos gravadores de voo, ficou presentemente
estabelecido que a combinação de múltiplos elementos improváveis
conduziram à catástrofe em menos de quatro minutos: o congelamento das
sondas Pitot foi o evento inicial que levou ao desligamento do piloto
automático, à perda das proteções associadas de controle de pilotagem e
a consideráveis movimentos de rolagem. Num ambiente dentro da cabine de
comando degradado e desestabilizado, o aparelho perdeu sustentabilidade
a grande altitude, sem conseguir recuperá-la, e chocou-se na superfície
do oceano Atlântico em grande velocidade. Note-se que as inúmeras vezes
em que os alarmes de perda de sustentabilidade foram ativados e parados
intempestiva e enganosamente, em contradição com a situação do avião,
contribuiu fortemente na dificuldade da tripulação em analisar a
situação.
Durante esta sequência de acontecimentos, a tripulação no comando,
reunindo as competências dos dois copilotos e do comandante, fez prova
de consciência profissional e comprometimento até o fim na condução do
voo. A Air France presta homenagem à sua coragem e à sua determinação
nestas condições extremas.
Nada permite, neste estágio, colocar em dúvida as competências técnicas
da tripulação.
O trabalho agora vai continuar a fim de compreender as causas, os
diferentes fatores técnicos e os fatores humanos que contribuíram no
desenrolar desta catástrofe. É importante compreender se o ambiente
técnico, os sistemas, os alarmes complicaram a compreensão da situação
por parte da tripulação.
O BEA também emitiu diferentes recomendações às autoridades europeias
responsáveis pela segurança aérea, que a Air France já colocou em
prática ou colocará o mais rapidamente possível. Para além dos elementos
que serão trazidos pelo relatório final do BEA e pelos trabalhos da
investigação judicial, sabemos, e isto é o mais importante para o
transporte aéreo, que as medidas já tomadas fizeram progredir
significativamente a segurança aérea. Elas visam evitar que tal tipo de
acidente se reproduza."
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