Queda do A330 da Air France
durou 3 minutos e meio
Aeronave caiu na água de barriga com velocidade vertical de cerca de 200
km/h
27/05/2011
- 11h23
(Valdemar
Júnior)
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O BEA (Bureau d'Enquêtes et d'Analyses, ou Gabinete de Investigação e
Análises, em português),
divulgou hoje, dia 27 de maio, dados preliminares sobre as causas do
acidente com o Airbus A330-203, prefixo
F-GZCP, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico no dia 31 de maio de
2009, próximo a Fernando de Noronha, após decolar do Rio de Janeiro com
destino a Paris, na França.
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Airbus - Divulgação |
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Airbus A330-200 da Air France.
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Segundo o órgão que investiga as causas do desastre, a queda durou cerca
de três minutos e 30 segundos.
Os pilotos viram duas velocidades diferentes durante quase um minuto (a
velocidade do lado esquerdo da aeronave e a indicada nos instrumentos de
voo), além de queda acentuada de potência em uma das turbinas. Nesse
momento, apenas os dois copilotos estavam na cabine, pois o comandante
Marc Dubois havia se retirado para descansar (procedimento normal). O
piloto voltou à cabine de comando cerca de um minuto e 30 segundo após o
desligamento do piloto automático.
Em seguida, o avião subiu para 38 mil pés (11.582 metros), o alarme de
stall começou a soar e a aeronave começou a cair.
Segundo o BEA, os dois motores estavam funcionando normalmente e
respondendo aos comandos da tripulação, porém o ângulo de ataque estava
acima de 35º.
Nos últimos dados registrados pelo Data Recorder (gravador de dados, em
português), vê-se 16,2º de elevação do nariz do A330, inclinação de 5,3º
à esquerda e velocidade vertical de 10.912 pés por minuto (200 km/h).
Gravador de voz
Pouco antes do início dos problemas, um dos copilotos avisa o outro de
que passarão por uma área com um pouco mais de turbulência, pois estão
na camada e, infelizmente, não poderão subir muito mais, pois a
temperatura está diminuindo mais devagar do que o esperado.
Em seguida, um dos copilotos afirma que em dois minutos devem encontrar
uma área mais agitada e que devem ter cuidado lá. Ele pede para virar o
avião para esquerda, o que é feito em seguida, com desvio de 12º. Com o
aumento da turbulência, a velocidade é diminuída para .8 Mach
(procedimento padrão nessas ocasiões).
Um dos copilotos eleva o nariz do A330 e dispara duas vezes o alarme de
stall. A velocidade cai de 275 nós para 60 nós. O jato começa a subir
após um dos copilotos dizer que perderam velocidade.
Após a velocidade vertical atingir 7 mil pés/min e diminuir para 700
pés/min e a rolagem variar entre 12 graus à direita e 10 graus à
esquerda, a velocidade da esquerda aumenta para .68 Mach, e aeronave se
encontra a cerca de 37.500 pés de altitude e a incidência registrada é
de cerca de 4 graus. Um dos copilotos tenta, por diversas vezes, chamar
o comandante.
O piloto retorna à cabine de comando e, poucos segundos depois, todas as
velocidades registradas ficam inválidas. Um dos copilotos diz que não
tem nenhuma indicação que seja válida. Nesse momento, os motores estão
com 55% de potência. Quinze segundos depois, as velocidades voltam a ser
válidas. Na sequência, um dos copilotos diz ao outro que vão chegar ao
nível cem e que ele tem os comandos. A gravação para menos de um minuto
depois.
Confira a nota oficial enviada pela Air France
"Às vésperas do segundo aniversário da tragédia do voo AF447, a Air
France e seus funcionários voltam seus pensamentos às famílias dos
passageiros e da tripulação e desejam expressar sua total solidariedade.
A tenacidade das autoridades, da Airbus e da Air France permitiu
encontrar as caixas pretas e elementos do avião depois de dois anos de
buscas. O Bureau d’Enquêtes et d’Analyses (BEA) está assim em condições
de revelar a sequência de eventos que levou ao acidente com o voo AF 447
Rio/Paris em 1 de junho 2009. Esta descrição dos fatos substitui as
suposições feitas ao longo destes últimos dois anos. Constata-se que a
tripulação responsável monitorou as condições meteorológicas e por isso
efetuou um desvio de rota, que a pane das sondas de velocidade foi o
evento inicial que levou à desconexão do piloto automático e à perda dos
sistemas de proteção associados à pilotagem, e que o avião se desprendeu
de uma alta altitude. Constata-se também que o comandante rapidamente
interrompeu seu repouso para retornar ao cockpit. A tripulação, composta
de três experientes pilotos, deu prova de profissionalismo, estava
comprometida em cumprir sua tarefa até o final e a Air France os
homenageia.
Os dados coletados devem agora ser analisados. Apenas ao final deste
trabalho complexo, que exige serenidade e rigor, o BEA poderá
estabelecer o encadeamento das causas que conduziram à catástrofe.
Desde já, se pode constatar que as autoridades, o construtor e a
companhia aérea tomaram medidas a fim de evitar a repetição de tal
acidente.
A Air France espera que todos tenham a paciência de esperar o relatório
intermediário que o BEA publicará em poucas semanas, sem dúvida
acompanhado de recomendações adicionais. A segurança da indústria de
transporte aéreo mundial sairá fortalecida.
Service de presse d’Air France"
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