IATA apoia medidas urgentes tomadas pelo Brasil
Presidente Dilma Rousseff foca a necessidade urgente de acompanhamento
de reformas críticas para melhorar a competitividade da indústria
15/03/2011
- 22h48
(Da assessoria da
IATA no Brasil)
-
A IATA (International Air Transport Association) elogiou a decisão da
presidente Dilma Rousseff de colocar enfoque estratégico na aviação e na
necessidade urgente de acompanhamento de reformas críticas para melhorar
a competitividade da indústria. Os preparativos para sediar os Jogos
Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo de 2014 demandam ações imediatas.
_ |
Rodrigo Zanette -
23/06/2009 |
|
|
|
Aeronaves estacionadas no aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos.
|
“Em
seu discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff reconheceu a
capacidade do transporte aéreo de produzir ganhos de longo prazo para a
qualidade de vida no Brasil. Sua intenção de criar uma Secretaria de
Aviação Civil com status de ministério é uma oportunidade para produzir
mudanças. A IATA está mais do que disposta a usar sua experiência global
e desempenhar um papel colaborativo para atender às expectativas da
presidente com um plano estratégico focado na competitividade”, disse
Giovanni Bisignani, diretor geral e CEO da IATA.
Bisignani fez suas observações no discurso proferido na Câmara de
Comércio Britânica, em São Paulo, no momento em que nomeações do governo
para a aviação são iminentes.
Infraestrutura e Marco Regulatório
“O modelo da Infraero, que controla 94% dos aeroportos do Brasil, é
obsoleto. Terminais em 13 dos 20 maiores aeroportos não comportam a
demanda atual. São Paulo, que responde por 25% do tráfego do Brasil,
está em estado crítico, com capacidade insuficiente e serviços que não
atendem aos padrões internacionais. As concessões podem ser um caminho.
Mas elas precisam ser acompanhadas de uma regulação transparente,
economicamente independente e robusta, apoiada em consultas efetivas à
indústria”, disse Bisignani.
A IATA apoia a continuidade do papel da ANAC (Agência Nacional de
Aviação Civil) na supervisão dos aeroportos. “De forma geral, o marco
regulatório proposto pela ANAC para os aeroportos brasileiros está
alinhado com as recomendações da IATA e os princípios de ICAO. Mas
quatro mudanças importantes são críticas para alavancar a
competitividade do Brasil. Primeiro, o ATAERO precisa ser abolido. Esta
sobretaxa de 50% sobre as tarifas está em desacordo com os princípios da
ICAO. Segundo, nós precisamos de mais transparência e garantias de que
não haverá subsídios cruzados entre os aeroportos. Terceiro, a solução
para a capacidade insuficiente não pode ser a introdução de tarifas mais
altas para os horários de pico. Ganhos de eficiência e desenvolvimento
de infraestrutura são o caminho a seguir. E, por fim, o aumento de 70%
para as empresas aéreas internacionais como resultado do recálculo da
tarifa é inaceitável. As tarifas têm que diminuir, não aumentar. Se
estas quatro questões não forem resolvidas, os benefícios das concessões
serão perdidos, afirmou Bisignani.
Preço do combustível
O Brasil deve dar continuidade à
política que eliminou US$ 100 milhões em impostos de PIS/COFINS sobre os
combustíveis, em 2009, com a revisão da paridade de preços de importação
da Petrobras. Um estudo recente concluiu que a Petrobras pratica preços
excessivos sobre o combustível de aviação, cerca de US$ 400 milhões a
mais anualmente. “Não há justificativa para que o preço do combustível
de aviação no Brasil seja 14% mais caro do que no restante da região. O
Brasil produz 80% da sua demanda em suas próprias refinarias. Não faz
sentido atrelar os preços ao mercado de Houston e incluir custos
teóricos para importação, incluindo o transporte. Isto está destruindo a
competitividade da aviação brasileira”, afirmou Bisignani. Globalmente,
o combustível representa em media 29% do custo operacional de uma
empresa aérea. No Brasil, este número sobe para 37%.
Gerenciamento de Tráfego Aéreo
A IATA pede que o Governo Federal apoie
os esforços de melhoria conduzidos pelo DECEA. “As empresas aéreas
investiram em aviônicos para obter melhorias na eficiência dos voos. Mas
a infraestrutura em solo não acompanha nossa capacidade no ar”, apontou
Bisignani. Especificamente, a IATA está encorajando a implementação de
procedimentos operacionais mais eficientes, conhecidos por RNAV e PBN,
para aumentar a capacidade em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além disso,
a IATA está estimulando o DECEA a adotar um processo de melhoria
contínua, baseado em análise de dados de desempenho,
contra metas estipuladas de desempenho.
Meio Ambiente:
A aviação está unida e comprometida com a melhoria na eficiência do
consumo de combustível em 1,5% ao ano, até 2020; limitando as emissões
netas de carbono a partir 2020 com o crescimento neutro de carbono e
cortando as emissões netas pela metade até 2050 (em comparação com
2005). Governos, através da ICAO, concordaram em encontrar uma abordagem
global de medidas econômicas relacionadas às emissões de CO2.
“A aviação é a única indústria global com um plano global, pelo lado da
indústria e dos governos. O Brasil precisa apoiar essa abordagem global.
O que significa parar a iniciativa da cidade de Guarulhos de impor taxas
ambientais que são contraproducentes para os esforços globais. E o
governo precisa acompanhar a iniciativa da TAM com os voos de teste com
biocombustíveis sustentáveis, criando uma estrutura legal e fiscal para
apoiar a indústria brasileira de biocombustíveis”, indicou Bisignani.
Copa do Mundo e Jogos Olímpicos
“Sem profundas mudanças, os aeroportos do Brasil não serão capazes
de atender com sucesso a Copa do Mundo da FIFA ou os Jogos Olímpicos. O
tempo está se esgotando para grandes projetos de infraestrutura. Nós
estamos preocupados que o Terminal 3 de São Paulo esteja sendo planejado
sem consulta à indústria. O que quer que seja alcançado, precisaremos
fazer com que a infraestrutura atual funcione muito mais eficientemente
e com melhores processos. Uma solução simples é que todos os que têm
atuação nos aeroportos (ANAC, INFRAERO, Polícia Federal, Receita
Federal, Anvisa e Agricultura) institucionalizem o regime de cooperação.
As empresas aéreas podem propor soluções para melhorar a operação nos
terminais e reduzir o seu congestionamento, incluindo os padrões IATA
Fast Travel de implementação de tecnologia para o autoatendimento e
e-freight para melhorar a eficiência no manuseio de carga. Estas
soluções existem hoje e podem contribuir para melhorias significativas”,
afirmou Bisignani. A IATA ainda estimula a ANAC a adicionar uma nova
dimensão a sua supervisão de segurança ao adotar a Auditoria de
Segurança Operacional da IATA como um requisito para todas as empresas
aéreas operando no Brasil.
Aviação é importante para a economia do Brasil. Ela estimula viagens e
turismo que sustentam 9,1% do PIB e oito milhões de empregos
brasileiros. A aviação tem crescido a uma impressionante taxa de 10% ao
ano desde 2003. O mercado doméstico brasileiro é o quarto maior do
mundo, atrás de EUA, China e Japão. Mas com 13 milhões de passageiros
internacionais está em 37ª posição do ranking internacional, o que é
completamente desproporcional à economia do Brasil, que é a oitava maior
do mundo.
A IATA tem um escritório no Brasil desde 1991. O escritório brasileiro
da IATA processou cerca de US$ 4,5 bilhões de receitas da indústria em
2010 e fornece acesso local a toda a experiência global da instituição,
incluindo os aspectos de segurança, desenvolvimento de infraestrutura e
o conceito Simplifying the Business. Em dezembro de 2010, a IATA nomeou
Carlos Ebner, ex-CFO da Varig e ex-CEO da OceanAir, como diretor para o
Brasil.
|