Arquitetura pode tornar terminal
provisório bonito
Projeto premiado de terminal
na Arábia Saudita pode servir de inspiração em Fortaleza
23/01/2014 - 23h02
(Da
assessoria da Maia Arquitetura)
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Mesmo com o pouco tempo que resta até a Copa do Mundo, uma solução para
o Terminal do Aeroporto de Fortaleza (CE), que não vai ficar pronto no
prazo, pode ser duradoura, de bom gosto e funcional. A afirmação é do
arquiteto especializado em aeronáutica Ernani Maia, que repudia as
ideias de "puxadinho" ou outros gastos com estrutura para ser usada
apenas como suporte na Copa do Mundo.
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Divulgação - Infraero |
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Atual terminal de
passageiros do aeroporto de Fortaleza não será capaz de receber todos os
torcedores durante a Copa do Mundo.
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"Tenho ouvido falar em terminal
provisório, mas existem alternativas arquitetônicas que permitem
soluções rápidas e mais duradouras. Não se pode gastar uma fortuna só
para um curto período, é preciso pensar no legado", diz Maia.
Segundo ele, um terminal é sempre uma grande cobertura e um dos recursos
técnicos possíveis são as estruturas de membranas tensionadas que
permitem grandes projetos de arquitetura temporária muito interessantes.
Um bom exemplo é o Aeroporto Internacional King Adbulaziz, ao norte de
Jeddah, na Arábia Saudita. Lá está o Terminal Hajj, que graças à
proximidade de Mecca, tem capacidade para acomodar 80 mil peregrinos ao
mesmo tempo e conta com uma estrutura semelhante a de uma tenda.
O projeto foi premiado em 1983, dois anos depois de inaugurado, pela
solução brilhante, criativa e, ao mesmo tempo, de grande beleza e
elegância, especialmente por se valer do uso das membranas tencionadas e
criar uma relação estética com as cabanas utilizadas pelos povos nômades
do deserto.
"Um terminal aeroportuário é de grande visibilidade, ainda mais em um
campeonato mundial de futebol, não se pode pensar em estender uma lona,
ainda mais se é possível desenvolver algo que seja mais bonito e até
sustentável", disse Maia.
Para os banheiros, a solução pode ser o uso de containers que ganha cada
vez mais adeptos especialmente pela reutilização de material e
readequação de um passivo ecológico. "O desafio está em criar algo que
seja mais duradouro e com valor estético, bem como estabelecer uma
relação com as características culturais e climáticas", defende Maia.
Na arquitetura brasileira, o melhor exemplo de construção efêmera está
nas habitações indígenas, e existem profissionais, como Severiano Porto,
desenvolvendo ótimos projetos com uso de madeira e sapê, material
disponível e rápido para projetos na Amazônia.
"A arquitetura efêmera ou transitória pode ser uma possibilidade
excelente para inovações técnicas e experimentações formais e estéticas,
ao longo do tempo, grandes exemplos de arquitetura temporária tornam-se
ícones da arquitetura, um dos exemplos mais conhecidos é o pavilhão
alemão para a Feira Mundial de 1929 em Barcelona (também conhecido como
Pavilhão Barcelona), um edifício projetado pelo arquiteto modernista
Ludwig Mies van der Rohe", disse Maia.
Ele lembra que o pavilhão foi demolido no final da feira, mas devido à
importância para a história da arquitetura foi reconstruído no mesmo
local, na década de 1980.
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