Brasil assume protagonismo na indústria
aeronáutica global
Pesquisas
conduzidas localmente posicionam o País como um dos principais
desenvolvedores de tecnologias para a indústria aeroespacial
09/12/2017 -
12h52
(Da
assessoria da Boeing no Brasil)
-
Do polo aeronáutico de São José dos Campos (SP) sairão as tecnologias
que integrarão as próximas gerações de aeronaves. A cidade no interior
de São Paulo abriga um dos principais hubs tecnológicos da indústria
aeronáutica global: o Centro de Pesquisa & Tecnologia da Boeing no
Brasil (Boeing Research & Technology Center – BR&T). Em cooperação com
diversos parceiros estratégicos, no local são lideradas pesquisas que
respaldarão o desenvolvimento da indústria aeronáutica ao longo dos
próximos anos.
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Divulgação - Boeing |
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Imagem mostra como serão o Boeing 777-9X (acima) e o 777-8X.
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"As próximas gerações de aeronaves da
Boeing já contarão com algumas das tecnologias atualmente em estudo no
Brasil", disse Donna Hrinak, presidente da companhia para a América
Latina. "Temos trabalhado em conjunto com outros centros de pesquisa da
Boeing no mundo e parceiros globais a fim de desenvolver tecnologias que
enderecem as novas diretrizes e certificações da aviação internacional e
que, ao mesmo tempo, resultem em benefícios aos nossos parceiros
comerciais", contou.
Em alinhamento com normas recentes publicadas pela Organização da
Aviação Civil Internacional (OACI), algumas das principais linhas de
estudo no Centro de Pesquisa & Tecnologia da Boeing se dedicam à redução
do consumo de combustível em aeronaves comerciais e a consequente
diminuição da emissão de gases de efeito de estufa por meio de inovações
tecnológicas.
A meta da empresa é incluir tecnologias fruto das pesquisas em andamento
em projetos de aeronaves atualmente em desenvolvimento, como o 777X, ou
em atualizações de modelos lançados recentemente, como o 737 MAX e o 787
Dreamliner.
Big data nos céus
Durante um voo comercial, uma aeronave gera milhares de dados
relacionados à sua operação e desempenho. Com base em parâmetros como
altitude, vento, temperatura e peso, os dados gerados alimentam
computadores de bordo responsáveis pela operação de todo o sistema de
comando. Todas aeronaves comerciais são equipadas com sistemas
similares.
A novidade em estudo na Boeing, contudo, está na possibilidade
aperfeiçoar os sistemas de comando de bordo, de modo que eles tornem a
operação da aeronave mais eficiente no que diz respeito à consumo de
combustível quando em altitude de cruzeiro. Com tecnologias avançadas de
comunicação interligando diferentes sistemas, será possível chegar à
equação ideal e elevar a eficiência do voo, reduzindo a queima de
combustível durante o trajeto realizado.
"Falamos de uma redução pequena se analisarmos voos isolados, mas é
preciso ter em mente o impacto disso em frotas inteiras. Na prática,
falamos na economia de milhões de dólares", explicou Antonini Puppin,
diretor do Centro de Pesquisa & Tecnologia da Boeing no Brasil. Hoje, o
combustível é um dos principais custos das companhias aéreas,
respondendo por até 40% do custo das companhias brasileiras, segundo
dados da Organização Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Titânio reciclado
A construção de uma aeronave envolve diferentes materiais, mas
tradicionalmente requer a utilização de alumínio, aço, materiais
compostos e titânio. Devido às suas propriedades (alta resistência
mecânica, à corrosão e a altas temperaturas) o titânio é um material
caro e que tem impacto direto no custo de produção da aeronave.
Adicionalmente, o seu processo de usinagem gera um nível elevado de
rejeito.
Como forma de aperfeiçoar o uso do metal, pesquisadores da Boeing no
Brasil em cooperação com pesquisadores da companhia na Rússia estão
desenvolvendo tecnologia capaz de reciclar o rejeito do titânio. A
partir de técnicas de manufatura avançada é possível "reciclar" o metal
de modo que ele volte às suas características iniciais, abrindo caminho
para que ele seja reutilizado na produção de novas aeronaves. Somente
este processo pode resultar na economia de até 10% em custos de
produção.
Porém, ainda há uma segunda possibilidade. "O rejeito do titânio pode
ser recondicionado e transformado em pó. Uma vez nesse estado, o metal
pode ser utilizado em processos de impressão 3D para dar origem a novas
peças de titânio reciclado", informou Puppin.
Esse segundo processo pode resultar em uma economia financeira de 50% a
75%, sendo que sua aplicação não se limita à indústria aeronáutica
somente, mas a outros segmentos onde o titânio também tem relevância,
como na produção de automóveis e navios. Sob esse aspecto, isso
resultaria na viabilidade da tecnologia e sua utilização em grande
escala a partir da sua aderência com outras indústria e negócios.
Software de cálculo de ruído com código fonte aberto
A expansão das cidades no entorno de aeroportos movimentados trouxe um
novo desafio para a indústria aeronáutica: a necessidade de reduzir o
ruído gerado pelas aeronaves durante os processos de decolagem e
aterrisagem. Enquanto parte do ruído é gerado pelas turbinas do avião,
principalmente ao decolar, quando elas são exigidas em sua máxima
potência, outra parte é resultado das forças aerodinâmicas às quais o
avião é exposto durante o processo de aproximação e pouso.
Junto a parceiros e outros Centros de Pesquisa & Tecnologia ao redor do
mundo, a Boeing tem trabalhado em projeto de software para cálculo de
ruídos. O programa trabalha com metodologias mais precisas para
determinar o ruído aerodinâmico produzido pelas aeronaves, o que
possibilitará aos engenheiros chegar a novas propostas de desenhos que
reduzam o fluxo de ar ao redor de asas e fuselagem.
O programa computacional em desenvolvimento na Boeing possui código
aberto, o que permite que outros pesquisadores contribuam com ele. Além
disso, também estão sendo realizados ensaios em túnel de vento para
validação dos métodos computacionais. Universidades brasileiras e
internacionais estão envolvidas no projeto atualmente, que vai propor
melhorias aerodinâmicas para redução de ruído e, tentativamente, deve
ter sua primeira avaliação em voo realizada a partir de 2019, dentro da
plataforma de testes EcoDemonstrador, da própria Boeing.
Esse não é o primeiro esforço da Boeing para reduzir o nível de ruído de
aeronaves comerciais. Em 2016 e em parceria com a Embraer, a empresa
testou tecnologia para reduzir o ruído gerado pelos slats, estrutura
posicionada na parte frontal das asas e responsável por fornecer mais
sustentação à aeronave quando ela tem menor velocidade, geralmente no
momento do pouso.
Atualmente, o nível do ruído gerado pelos aviões é um dos fatores que
pode limitar as rotas de voos das companhias aéreas e impactar a
operação de determinadas aeronaves em vários aeroportos ao redor do
mundo.
"Em paralelo e também em parceria com a Embraer, continuamos com os
nossos esforços para a pesquisa de biocombustíveis para a aviação",
concluiu Puppin.
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