Tarifa aérea média cai para R$ 357 em
2017, diz ANAC
No ano
passado, 52,9% das passagens comercializadas foram vendidas abaixo de R$
300
21/03/2018 -
12h20
(Da
assessoria da ANAC)
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A tarifa aérea média doméstica real (atualizada pela inflação) fechou
2017 em R$ 357,16, menor valor registrado na série histórica desde 2011.
Na comparação com 2016, o dado do Relatório de Tarifas Aéreas Domésticas
mostrou uma redução de 0,6%.
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Divulgação - Aeroportos Brasil Viracopos |
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Interior do novo Terminal de Passageiros do
aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).
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O preço do quilômetro pago por passageiro
(ou, tecnicamente, yield tarifa aérea médio doméstico real), que permite
a comparabilidade entre ligações com diferentes distâncias, teve queda
de -3,1% em 2017 com relação a 2016. Fechou em R$ 0,308, também o menor
da série histórica.
Ao longo de 2017, mais da metade das passagens aéreas efetivamente
vendidas, 52,9%, foram comercializadas abaixo de R$ 300,00, sendo que
parte delas, o equivalente a 6,6% do total, foi vendido abaixo de R$
100,00. Apenas 0,7% foi comercializado acima de R$ 1.500,00.
A tarifa média seguiu trajetória de queda apesar do aumento da demanda
por transporte aéreo doméstico, medida em passageiros quilômetros pagos
transportados (RPK), o que geralmente pressiona os preços para cima. Na
comparação com 2016, a procura por voos domésticos no país subiu 3,2% em
2017, configurando reação à retomada do crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB), que registrou alta de 1% no ano passado. A oferta doméstica
de transporte aéreo, por sua vez, também cresceu em 2017 (1,4%),
revertendo retração de 0,5% observada no primeiro semestre, em
comparação com iguais períodos de 2016.
A taxa de ocupação (aproveitamento dos assentos das aeronaves) em voos
domésticos foi de 81,5%, representando o maior nível da série histórica
iniciada em 2000 e uma variação positiva de 1,8% na comparação com 2016.
Em termos de passageiros pagos transportados, o crescimento foi de 2,2%
no ano, totalizando 90,6 milhões.
Combustível e dólar
Em 2017, em que pese a queda do valor da tarifa média real, as passagens
aéreas sofreram impacto significativo da alta do querosene de aviação (QAV).
O item combustível representou cerca de 30% dos custos e despesas dos
serviços de transporte aéreo de passageiros prestados pelas companhias
brasileiras. No primeiro semestre do ano passado, o valor médio do litro
do QAV oscilou entre R$ 1,51 e R$ 1,60, atingindo R$ 1,81 no final do
ano, tendo permanecido até 24% acima dos valores médios praticados em
2016, com exceção do mês de julho, quando o preço médio ficou 4,5%
abaixo.
Os custos das companhias aéreas são também bastante suscetíveis à
variação do dólar, com reflexo direto sobre combustíveis, arrendamento
de aeronaves e seguro da frota – itens que representam, em conjunto, 50%
dos custos e despesas da indústria aeronáutica. Em 2017, embora o dólar
tenha mostrado queda em relação a todos meses na comparação com 2016,
com exceção de outubro (alta de 0,2%), sua cotação subiu de R$ 3,20 em
janeiro para R$ 3,29 em dezembro.
Franquia de bagagem
Os menores valores tarifários médios alcançados pela aviação comercial
em 2017 ocorreram em meio ao início da vigência da Resolução nº 400 da
ANAC, que, entre outros assuntos de interesse dos usuários da aviação
civil, desregulamentou a franquia de bagagem despachada em voos
domésticos e internacionais no país. Com o início da comercialização de
passagens sem franquia entre junho e setembro de 2017, a partir da
adesão das principais empresas aéreas que operam no país, a franquia de
bagagem despachada passou a constituir novo item para diferenciação dos
serviços ofertados aos passageiros. Contudo, ainda não é possível
verificar seu efeito nas tarifas.
A constatação das causas que levam a variações nos preços das passagens
aéreas, como a desregulamentação da franquia de bagagem, exige uma série
temporal robusta de dados que permita isolar e analisar os impactos de
todas as variáveis envolvidas. As tarifas aéreas oscilam a todo momento
em razão de inúmeros fatores, como mudança nos custos das companhias,
distância de rota, nível de concorrência, baixa e alta temporada,
comportamento da demanda, infraestrutura aeroportuária e de navegação
aérea, entre outros.
As bagagens transportadas são apenas um dos itens que compõem os custos
de um bilhete aéreo e, por consequência, o seu preço. De toda forma, a
ANAC incluiu na própria Resolução nº 400 cláusula que obriga a avaliação
da norma, da sua eficácia e dos resultados alcançados.
Tarifas por empresa
Pela primeira vez, o relatório de tarifas aéreas domésticas publicado
pela ANAC detalhou os valores por empresa. A exemplo da tarifa média
doméstica real, que caiu 0,6% em 2017, a tarifa média real por
companhia, consideradas as principais empresas brasileiras, mostrou
redução na Avianca Brasil (-0,3%), na Azul (-2,2%), e na LATAM Brasil
(-7,3%) em relação a 2016. A GOL foi a única a registrar aumento
tarifário, de 6,6%, em 2017 na comparação com o ano anterior. Em 2017, a
tarifa média foi de R$ 358,78 na Avianca, R$ 412,23 na Azul, R$ 347,34
na GOL e R$ 316,17 na LATAM.
O preço do quilômetro pago por passageiro (ou yield tarifa aérea médio)
por empresa apresentou comportamento similar à variação tarifária. A
queda do yield foi de -0,1% na Avianca, -6,7% na Azul e -9,4% na LATAM.
Na GOL, houve alta de 2,4%. Na análise por trimestre, houve
significativa diferença na variação de preços nas quatro principais
empresas em 2017, na comparação com 2016, configurando estratégias
tarifárias distintas entre elas. Avianca, Azul e GOL tiveram trimestres
de elevação e retração dos preços. A LATAM registrou queda em todos os 4
trimestres.
Efeito da sazonalidade
Outro efeito relevante para a análise dos preços na aviação é a
sazonalidade, ou seja, um comportamento típico dos preços em determinada
época do ano. No setor aéreo, os preços das passagens são, em geral,
mais altos no segundo semestre, na comparação com os primeiros seis
meses do ano. De acordo com o relatório, a tarifa média doméstica real
entre julho e dezembro de 2017 foi de R$ 384,21, superando a tarifa
média de todo o ano (R$ 357,16).
Para a análise do comportamento das tarifas médias e do yield (preço do
quilômetro pago por passageiro), recomenda-se utilizar metodologias que
reduzam os efeitos da sazonalidade. Por esta razão, a ANAC compara um
determinado período (mês, trimestre ou ano) com mesmo período de um ou
mais anos anteriores. Ainda, na tentativa de isolar a variação dos
preços da economia como um todo, a agência utiliza valores em termos
reais, atualizados pela inflação.
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