Aéreas brasileiras têm prejuízo de R$
1,9 bilhão em 2018
Variação do câmbio e alta no
preço do combustível contribuem para resultado negativo
10/06/2019 -
12h28
(Da
assessoria da ANAC)
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As quatro principais empresas aéreas brasileiras (LATAM Brasil, GOL,
Azul e Avianca Brasil) tiveram um prejuízo acumulado de R$ 1,93 bilhão
em 2018, correspondente a uma margem líquida negativa de -4,7%.
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Rodrigo Zanette - 02/11/2016 |
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Companhias
aéreas brasileiras têm prejuízo de R$
1,9 bilhão em 2018.
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2017, o resultado líquido havia sido de R$ 411 milhões positivos, com
margem líquida de 1,2%. Os números fazem parte do relatório das
Demonstrações Contábeis das Empresas Aéreas, divulgado hoje, dia 10 de
junho pela ANAC (Agência Nacional de Aviação).
Considerando apenas os dados do 4º trimestre de 2018, as empresas também
pioraram o seu desempenho na comparação com o mesmo período do ano
anterior. De outubro a dezembro de 2018, o setor registrou lucro de R$
107 milhões, ante lucro de R$ 492,5 milhões no mesmo período de 2017.
No acumulado de 2018, apenas a Azul teve lucro líquido positivo, de R$
170,2 milhões. Avianca, GOL e LATAM, juntas, registraram prejuízo da
ordem de R$ 2,1 bilhões. A GOL foi a empresa com maior prejuízo, com R$
1,1 bilhão, seguida pela Avianca Brasil, com R$ 491,9 milhões, e pela
LATAM, com R$ 442,8 milhões.
A receita operacional líquida agregada das quatro empresas, no acumulado
do ano, cresceu 15,3% em relação ao mesmo período de 2017, com registro
de R$ 40,7 bilhões. Os custos dos serviços prestados apresentaram
aumento de 25,2%, no total de R$ 35,9 bilhões. Desta forma, com o
incremento dos custos dos serviços prestados em percentual maior do que
o crescimento da receita operacional líquida, o lucro bruto das quatro
empresas, conjuntamente, caiu 28%, passando de R$ 6,5 bilhões em 2017,
para R$ 4,7 bilhões em 2018.
A receita operacional do 4º trimestre de 2018, em comparação com o mesmo
período de 2017, registrou aumento de 13,9%. O valor passou de R$ 9,8
bilhões para R$ 11,1 bilhões. Já os custos dos serviços prestados
tiveram incremento de 26,6% no 4º trimestre de 2018 em comparação com o
mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 9,7 bilhões, causando, desta
forma, uma queda de 32% no lucro bruto.
Os itens com maiores impactos entre os custos e despesas de 2018 foram:
combustíveis, com 32,6%, seguido por arrendamento, manutenção e seguro
de aeronaves, com 19,6%, e custos de pessoal em geral, com 15,5%. No
acumulado de 2018, o custo com o combustível atingiu o maior nível dos
últimos quatro anos analisados.
O EBIT (do inglês Earnings Before Interest and Taxes) das empresas
aéreas piorou no acumulado de 2018 quando comparado com o mesmo período
de 2017. O item caiu de R$ 1,45 bilhão para R$ 296,2 milhões. O
resultado financeiro acumulado em 2018 apresentou piora de 39,1% quando
comparado com o ano anterior, com prejuízo de R$ 2,19 bilhões, ante
prejuízo de R$ 1,5 bilhão em 2017.
Cenário macroeconômico
Responsável por mais de 30% dos custos e despesas operacionais dos
serviços de transporte aéreo, o preço do combustível de aviação (QAV),
na média anual, foi 37,3% maior em 2018 que no mesmo período de 2017. No
ano passado, o valor médio mensal do litro do combustível oscilou entre
R$ 1,84 e R$ 2,64. Um ano antes, a variação foi de R$ 1,60 e R$ 1,81 por
litro.
A taxa de câmbio do real frente ao dólar também manteve sua tendência de
aumento em relação aos números apurados para cada mês em 2017. O câmbio
(R$/US$), na média do último trimestre do ano, foi 17,3% superior ao
verificado no mesmo período em 2017. Esse indicador tem forte influência
nos custos de combustível, arrendamento, manutenção e seguro de
aeronaves, que, em conjunto, representam cerca de 50% das despesas dos
serviços aéreos.
Tarifas aéreas em 2019
A tarifa aérea média doméstica real (atualizada pela inflação) registrou
queda 1,3% no primeiro trimestre de 2019, na comparação com mesmo
período de 2018. O valor médio da tarifa aérea dos três primeiros meses
do ano foi de R$ 371,76, contra R$ 376,50 apurados em mesmo período do
ano anterior. O yield tarifa aérea médio, indicador que mede o preço
pago pelo passageiro por quilômetro voado, caiu 1,9% no primeiro
trimestre, em relação ao mesmo período de 2018, para R$ 0,31968.
Os dados constam do Relatório Tarifas Aéreas Domésticas – 1º Trimestre
de 2019 divulgado hoje pela ANAC. De janeiro a março de 2019, 9,7% das
passagens foram comercializadas com tarifas aéreas abaixo de R$ 100,00 e
53% abaixo de R$ 300,00. As passagens acima de R$ 1.500,00 representaram
1% do total.
No primeiro trimestre de 2019, os indicadores atrelados aos custos mais
significativos da indústria, como combustível e câmbio, seguiram
tendência de alta em relação ao mesmo período de 2018. O querosene de
aviação (QAV), que corresponde a cerca de 30% dos custos e despesas
operacionais dos serviços de transporte aéreo¹ prestados pelas empresas
brasileiras, subiu 10,8%² no primeiro trimestre de 2019 na comparação
com igual período de 2018.
A taxa de câmbio do real frente ao dólar, que tem forte influência sobre
os principais itens da cesta de custos do setor, subiu 16,2% no mesmo
período de comparação (primeiro trimestre de 2019 em relação ao primeiro
trimestre de 2018). A taxa de câmbio tem forte influência nos custos de
combustível, arrendamento, manutenção e seguro de aeronaves, que, em
conjunto, representam cerca de 50% das despesas dos serviços aéreos.
Tarifa por empresa
Entre as principais empresas brasileiras, no primeiro trimestre de 2019
houve aumento da tarifa aérea média doméstica real da Avianca Brasil
(+9,2%) e da LATAM Brasil (+3,8%) na comparação com igual período de
2018. As aéreas GOL e Azul registraram queda de 3,9% e 1,8% na tarifa
aérea média, respectivamente, em relação ao primeiro trimestre do ano
passado.
Em relação aos dados por unidade da Federação, o valor médio por
quilômetro pago pelo passageiro em voos domésticos (yield tarifa aérea
médio) no período de janeiro a março de 2019 registrou aumento em 8
unidades da Federação e queda em 19 na comparação com o mesmo período do
ano anterior. O aumento mais expressivo foi no Rio de Janeiro, de 11,7%,
e a redução mais significativa (-18,6%) foi nos voos domésticos com
origem ou destino no Espírito Santo.
A menor tarifa aérea média doméstica real foi observada nos voos com
origem ou destino no Espírito Santo (R$ 302,33, para uma distância média
de 880 Km, a segunda menor entre todas as unidades da Federação). A
maior tarifa aérea média foi em Roraima (R$ 645,10, para uma distância
média de 2.298 Km, a maior entre as 27 UFs).
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