Alitalia anuncia o fim de suas
operações
Companhia será substituída pela ITA (Italia Trasporto Aereo) em uma
terceira tentativa do governo da Itália de manter uma companhia aérea de
bandeira italiana
25/08/2021 -
12h33
(Valdemar Júnior)
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A Alitalia anunciou hoje, dia 25 de agosto, o fim de suas operações a
paratir do dia 15 de outubro e o fim da venda de bilhetes a partir de
hoje. A partir de amanhã, dia 26 de agosto, a ITA (Italia Transporto
Aereo), sucessora da Alitalia, inciará a venda de passagens, inclusive
para Guarulhos (SP) e iniciará suas operações em 15 de outubro.
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Rodrigo Zanette - 26/03/2017 |
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Boeing 777-243ER, prefixo EI-DBK, da Alitalia, taxiando
no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (SP).
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Divulgação |
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Imagem mostra como deverá ser a pintura dos aviões da ITA (Italia
Transporto Aereo).
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No comunicado, a
Alitalia informa que enviará uma comunicação rápida e direta, via
e-mail, aos clientes que tenham adquirido voos com partida a partir de
15 de outubro e instruções para a gestão dos bilhetes.
A empresa vai oferecer a possibilidade de substituir o voo por um outro
equivalente, operado pela companhia até 14 de outubro, caso contrário,
será possível receber o reembolso integral do bilhete.
Alitalia e ITA
Sediada em Roma, a Alitalia foi fundada no dia 16 de setembro de 1946 e
pertence totalmente ao governo italiano desde 17 de março de 2020. A
partir de 2001 passou a fazer parte da aliança SkyTeam. Em 2003 cortou
2.700 postos de trabalho para se adequar e preparar a companhia para uma
fusão com o Grupo Air France KLM.
Em setembro de 2007, todos os voos internacionais foram retirados de
Milão (Malpensa) e passaram a ser operados a partir de Roma (Fiumicino).
Em 2008, um grupo de investidores formou o consórcio CAI (Compagnia
Aerea Italiana) para comprar a falida Alitalia (Linee Aeree Italiane) e
fundi-la com a Air One, que faliu em 30 de outubro de 2014. Após pagarem
€ 1,05 bilhões, sendo € 427 milhões em dinheiro e € 625 milhões em
dívidas da Alitalia, o consórcio assumiu a empresa sem dívidas, que
ficaram com o governo italiano (contribuintes italianos!), seu maior
acionista até então. Em 2009, o Grupo Air France KLM adquiriu 25% da CAI
por € 322.
Em julho de 2014, a Etihad Airways anunciou a aquisição de 49% da
Alitalia e alterou seu nome para Alitalia - Società Aerea Italiana, e os
51% restantes permeneceram com a CAI. Em 2015 foi nunciado o fim da
parceria com o Grupo Air France KLM. Em 25 de abril de 2017, depois de
tentar cortar custos sem sucesso (incluindo a demissão de diversos
funcionários), a Alitalia anunciou falência, que foi aceita pelo governo
italiano no dia 2 de maio do mesmo ano.
Após assumir o controle da Alitalia, o governo italiano tentou
privatizar a companhia no ano seguinte, mas não apareceram interessados.
Em 17 de março de 2020, o governo italiano assumiu 100% das ações da
Alitalia e em 21 de maio deixou a SkyTeam.
Em 10 de outubro de 2020, o governo italiano editou um decreto para
criar a ITA (Italia Trasporto Aereo SpA), que compraria alguns ativos da
Alitalia, incluindo a marca e códigos de voo da Alitalia e da Alitalia
CityLiner, programa de fidelidade MilleMiglia e slots no aeroporto de
Heathrow, em Londres, por € 220 milhões.
Mas no dia 8 de janeiro de 2021, a União Europeia enviou ao governo
italiano uma carta com 62 questionamentos sobre o processo de criação da
ITA, incluindo a proibição de venda de pertences da Alitalia em uma
negociação privada, a manutenção da marca Alitalia, que seria um
indicador de continuidade, e sugeriu que negócios combinados de aviação,
assistência em terra e manutenção sejam vendidos separadamente a
terceiros, e que os slots devem ser vendidos e o programa MilleMiglia em
sua totalidade não pode ser transferido para a nova entidade
corporativa.
Segundo o governo italiano, a nova companhia aérea estatal deverá
iniciar suas operações em 15 de outubro com 52 aeronaves com hubs em
Roma (Fiumicino) e Milão (Linate), e deve ampliar a frota para 105
aviões até 2025. Entre os destinos a partir de Roma está o aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos (SP).
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