Homenagem da Esquadrilha da
Fumaça ao amigo Anderson Amaro Fernandes
Todos os céus eram
de brigadeiro!
07/04/2010
- 10h55
Por Tenente Eveline Rotter, Oficial de
Comunicação Social da Esquadrilha da Fumaça; e
Vinícius Rosada Dônola, Fumaça
Honorário.
Não havia tempo ruim para o nosso
amigo Anderson Amaro. Todos os dias eram de sol. O eterno
sorriso estampado na face nos fazia acreditar que, em seu
dicionário pessoal, a palavra “problema” não existia. Para ele,
apesar do humor nem sempre constante das nuvens, não havia “mau
tempo”.
Ainda que o passar dos anos o
tenha talhado para a liderança, Anderson Amaro se mantinha
humilde. Por vezes, humilde ao extremo. Obstinado ao extremo.
Anderson Amaro Fernandes.
No dicionário de Anderson, também não havia a palavra “não”. Ao
longo dos últimos quatro anos, distribuiu ao público sorrisos e
paciência. Dava autógrafos, posava para fotos e respondia às
inúmeras perguntas com a simplicidade de um menino. Nosso menino
Capitão...
Encantadoramente paradoxal em sua essência, Anderson Amaro
tinha, sim, o coração inocente num corpanzil de guerreiro. Lutou
como poucos pelas próprias vontades e teve coragem para
enfrentar as adversidades muitas. Ora se viu obrigado a voar
solo; ora voou com a ajuda dos amigos – incontáveis – que soube
arrebanhar pelas rota da vida. Era, pois, a referência do lar e
dos muitos que deixou na terra natal, Fortaleza, no Ceará, para
quem o oficial foi – e é – exemplo de coragem.
Anderson Amaro também deixa um currículo que, à primeira vista,
se assemelha ao de muitos outros profissionais da Forca Aérea
Brasileira. Mas cada um de nós risca o céu com sua história... E
assim ele o fez. Deixou no ar um rastro marcado por sucessivos
episódios de superação pessoal, antes mesmo de ingressar na
EPCAR. Em pleno teste físico, durante o processo de seleção, o
menino candidato se recuperava de uma cirurgia. Sofreu calado a
dor e a expectativa. Ambas foram vencidas com o braço forte da
superação.
Depois da EPCAR, passou pelas Bases Aéreas de Natal, de Santa
Cruz, até a chegada à Academia da Força Aérea, em Pirassununga,
onde, reconhecendo suas limitações e habilidades, soube se doar
pelo grupo, com o grupo, nos interesses do grupo.
No currículo, Anderson também contabilizou exatas 3.800 horas e
40 minutos de voo e 186 demonstrações na Esquadrilha da Fumaça,
das quais 179 como número 2 e 7 como número 7. Apenas Anderson,
porém, sabia o significado de cada uma dessas marcas
operacionais. Muitas dessas horas foram dedicadas a instruir o
futuro da Força: os cadetes da Academia. Outras tantas foram
colecionadas com esforço em missões de treinamento para,
rapidamente, juntar as horas necessárias e se submeter ao
Conselho Operacional do Esquadrão de Demonstração Aérea. As
demais, acumuladas com imenso prazer, colaborando no cumprimento
da missão da Esquadrilha da Fumaça do Brasil. Em seu último ano
de Esquadrilha, ocupou a posição designada aos pilotos mais
experientes, voando como solo no número 7.
Costumava dizer que o Tucano era a sua casa. E, como que
prevendo o que viria a ocorrer, sempre preparou os familiares.
Dizia reiteradas vezes que, se algum imprevisto acontecesse, que
não se preocupassem. Ele estaria feliz.
Anderson nasceu para voar. E, queira Deus, continue voando com
suas próprias asas, no mesmo céu que fez a felicidade do menino
Capitão.
A Esquadrilha da Fumaça continua as suas atividades, com a
lembrança de um sorriso estampado na face. Persistimos em levar
alegria, com a certeza de que essa é a vontade do Capitão
Anderson Amaro Fernandes.
Que, do azul celestial, ele guie nossos voos.
E que os nossos céus continuem sendo de brigadeiro.
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